Ruth tinha essa louca mania de me beijar as orelhas de forma estralada, que fazia um barulho insuport�vel nos t�mpanos, e encar�vamos isso como uma ‘brincadeira chatinha’. Estud�vamos no mesmo cursinho, na mesma sala, �ramos grandes amigas, de tudo convers�vamos, sobre nossos namorados e suas respectivas idiotices, nossas fam�lias e suas respectivas chatices, e tudo o mais que amigas costumam conversar.
Os beijos, n�o sei em que momento, evolu�ram. Agora d�vamos um ‘beijo de l�ngua’ na orelha da outra, arrepiando at� os p�los que nem mesmo pod�amos ver. Era estranho, engra�ado e muito excitante. Sempre que faz�amos isso a outra fingia ter ficado brava, mas nunca, de fato, quer�amos que essa brincadeira acabasse. E por falar em acabar, nossos namoros acabaram, meu namorado montou no cavalo e acenou com o chap�u, o dela fechou o peito e saiu batendo esporas, e ficamos n�s na nossa amizade, com nossas brincadeiras inocentes.
At� que um dia, vieram as provoca��es. Ser� que a outra tinha coragem de errar o caminho da orelha e beijar a boca? Ser�? Por muito tempo ficamos de provoca��es onde o que menos quer�amos era que o beijo fosse apenas na orelha, mas �ramos covardes. Uma tentava, mas corria. A outra pedia, mas ria. Todavia, �gua mole em pedra dura, tanto bate at� que fura! E um dia cheguei para beijar-lhe calorosamente as orelhas, Ruth segurou meu rosto e beijou me furtivamente por�m com suavidade nos l�bios. Ficamos at�nitas , se saber o que fazer ou dizer. Rimos, rimos muito, aliviadas. Tinha sido como imagin�vamos, delicado e bom,e repetimos no banheiro do cursinho por muito tempo. Os beijos ganharam calor, e o romance concretizava-se, quando fug�amos da aula para termos nosso tempinho. Nos tranc�vamos no banheiro maior [para cadeirantes, porque l� n�o havia nenhuma] e nos beij�vamos, acarici�vamos, toc�vamos e chup�vamos. Era o come�o de uma paix�o ardente.
Mesmo escondido, o relacionamento ‘vingou’. Em pouco mais de um m�s ficando, Ruth pediu-me brincando em namoro pelo MSN [hahaha] e eu aceitei emocionada. Sempre arrum�vamos um jeito de ficarmos a s�s em alguma casa e trans�vamos louca e apaixonadamente. Era um sentimento novo para mim, parecia que era a primeira vez que, de fato, AMAVA algu�m, e era uma mulher, coisa que nunca imaginei. Ent�o come�amos a namorar e, entre brigas [leves],chatea��es [por ter que ser escondido] e impaci�ncia para sermos uma da outra logo, o namoro foi seguindo seu curso, e n�s vivemos cada dia melhor que o outro. Fomos muito felizes, cada dia nos apaixon�vamos mais. E o sexo, inimaginavelmente PERFEITO.
E, n�o acabou. Estamos juntas, neste dia 24 de maio fizemos 1 ano de namoro, comemorado com rosas, p�talas no ch�o, m�sica, champagne, entre outras coisas. Estamos cursando medicina na mesma faculdade, na mesma sala, em outra cidade longe dos pais e das m�s l�nguas, moramos juntas, temos um verdadeiro ninho de amor. Fazemos sexo 2 vezes ao dia, 5 dias por semana, e o fogo e a paix�o aumentam a cada novo dia que amanhecemos juntas lado a lado na mesma cama, como tanto sonhamos. Temos planos de nos casar muito bem breve, e em 5 anos come�armos a ter nossos filhos [8, como queremos] e a vida que tanto planejamos e com certeza nos aguarda com muitas realiza��es juntas. Sou perdidamente apaixonada pela Ruth, � a primeira mulher e �nica que eu estive na vida, e sinto que n�o teria sentido viver se tivesse deixado passar a oportunidade de viver isso com ela, por covardia ou medo de tentar algo novo, ou por me sujeitar à opini�o alheia sobre o que � certo ou errado. Certo � buscarmos o que nos faz completamente felizes, e a felicidade bate apenas uma vez à nossa porta, e eu decidi abri-la. Nunca fui t�o feliz e amada.