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PROFANANDO A ESTRELA

Acordei assustado. Estava amarrado a cama impossibilitado de ao menos me mexer. Uma amarra��o perfeita! Ela estava deitada do meu lado, dormindo. Tinha um rosto angelical, a pele macia como seda. O cobertor havia descido e agora deixava seu belo e volumoso par de seios a mostra. N�o tinha sido um sonho, era real. Eu havia quebrado a maior regra imposta por mim mesmo: N�o Se envolver com o “ganha p�o”. Os acontecimentos da �ltima noite passavam como um raio por minha mente e eu tentava coloca-los todos em ordem.
Era um trabalho como todos os outros. Eu teria apenas que matar. Para mim era algo completamente normal. Em segundos uma vida se esvaia... Vidas sujas, vidas amaldi�oadas. Era t�o f�cil como quebrar um copo de vidro, t�o f�cil como esmagar um insignificante inseto. Haviam me prevenido do poder quase que hipn�tico dela. Avisaram quantos haviam falhado na simples miss�o de tirar a vida de uma mulher qualquer. Mas ai que estava: Ela n�o era uma simples mulher. Ela era astuta, ela era cruel. Um Dem�nio mal�fico e perverso na pele de uma linda e atraente mulher.
“Veio para me matar n�o foi”
“Sim”
“Ser� que n�o tenho um �ltimo pedido?”
Aqueles olhos, Ah meu Deus, aqueles olhos. Como duas pedras de diamante reluzentes. Aquela maquiagem g�tica a deixava sinistramente bela. Tudo o que eu tinha que fazer era puxar o gatilho e ir embora. Era algo t�o f�cil, mas eu n�o o fiz.
“Qual � se �ltimo desejo?”
“Umas fantasia inusitada veio em minha mente... Transar com o homem que vai me matar. Ser� que sou louca?”
Quando dei por mim estava beijando loucamente a sua boca carnuda, mordendo seus l�bios. O batom preto dela estava agora espalhado por todo meu rosto, no meu pesco�o...
Tirei sua blusa com viol�ncia, rasgando-a. Ela estava sem suti� por baixo. Eles eram grandes e rosados, dando um magn�fico destaque em sua pele morbidamente branca. Encostei meus l�bios neles e passei minha l�ngua levemente. Mordi o bico de seu seio esquerdo arrancando dela um pequeno, mas aud�vel gemido de prazer. Soltei o revolver que ainda segurava. Ele caiu no ch�o com um baque surdo. A m�o que antes o segurava agora se esgueirava para dentro da cal�a dela, passando tamb�m por dentro da calcinha alcan�ando o alvo. Talvez numa tentativa de me imitar, ela tamb�m rasgou minha camisa branca. Ela tinha me custado cento e cinquenta reais, mas eu n�o estava realmente me importando com isso naquele momento. Mais r�pida que um tigre atacando sua presa ela desabotoou minha cal�a e a tirou me deixando s� de cueca. Eu estava visivelmente excitado e ela sorria ao ver o poder que j� tinha sobre mim. Ela o tirou para fora e come�ou a fazer movimentos com as m�os nele, para frente e para tr�s, para frente e para tr�s...
Poucos minutos depois est�vamos invertidos, ela de l� para c� e eu de c� para l�. Minha boca estava entretida com o lugar que havia entre o belo par de pernas dela, e a boca dela fazia o mesmo. Eu sentia a l�ngua morna e �mida dela entre minhas pernas, sentia um formigamento gostoso e enlouquecedor, sentia um calor me subir por todo o corpo. O que eu havia ido fazer ali mesmo? N�o importava mais, eu s� queria possu�-la, explorar cada cent�metro de seu lindo corpo com minha l�ngua. N�o sei quantas horas ficamos assim, talvez v�rios anos luz? Agora est�vamos grudados um ao outro, ligados. �ramos um s� corpo, uma s� alma. Eu ia para frente e para tr�s rapidamente, nada de ser sutil. Brutalmente. Ela por sua vez n�o parecia reclamar, gritava, mas n�o era de dor, e sim de prazer.
As marcas de minhas m�os estavam estampadas na parte de tr�s dela, e quanto mais palmadas eu dava mais ela gritava “mais, mais”. Ela era insaci�vel! Ritmicamente eu continuei meus movimentos, mudando de posi��o a cada “ano luz”. Agora ela estava em cima de mim, pulando, pulando alto como se tentasse alcan�ar uma estrela brilhante. Enquanto ela pulava eu apertava entre minhas m�os os seios dela, sem d� nem piedade, contornando meus dedos por seus mamilos. Est�vamos flutuando, est�vamos nas nuvens. Nada envolta tinha sentido, tudo estava embasado, inebriado. Tudo era abstrato. Meus olhos s� enxergavam ela em cima de mim, meus ouvidos s� escutava seus gemidos e gritos melodiosos, meu corpo s� sentia o calor ardente de seu delicioso corpo. Pessoas nasciam e morriam, dias come�avam e acabavam, pelo menos era o que parecia, mas eles continuava l�, como se aquilo fosse eterno, como se n�o houvesse amanh�. Quando ela finalmente alcan�ou a seu estrela, quando eu consegui sentir tudo explodir dentro de mim n�s nos recolhemos na cama e adormecemos quase que instantaneamente sem dizer uma palavra sequer um para o outro. Mesmo em meus sonhos eu continuava a beij�-la, acarici�-la, assedi�-la, profan�-la...
Ela tamb�m acordou. Sorriu ao ver minha cara bestificada.
“Tire-me daqui!”
“Mas voc� n�o est� se divertindo meu querido? Voc� n�o � o primeiro que vem tentar contra minha vida, e nem ser� o �ltimo. Mas tenho que lhe confessar... Voc� foi o �nico que me tirou da orbita terrestre. O �nico q me fez voar. Queria repetir a dose, mas acho que acabou”.
Ela sentou-se na cama e exibia agora um revolver em sua m�o direita. O meu revolver. Agora eu n�o estava mais olhando para seus seios rosados que tinham marcas vis�veis de meus dentes. Agora eu olhava para o revolver. Sabia o que vinha a seguir, sim eu sabia. Eu tinha sido vencido, derrotado por aquele dem�nio irresist�vel. Foi r�pido. O Tiro. A Escurid�o. O sil�ncio. O Fim.
Ela caminhava deixando que o vento frio da noite bagun�asse seus lindos e longos cabelos negros como as trevas. Sorria ao se lembrar das horas anteriores. “Tinha sido bom, muito bom”. Quem dera todo assassino fosse divertido daquela maneira. Era uma pena, nem havia perguntado o nome dele. Agora ela ia mudar para algum lugar aleat�rio como sempre, mudaria de nome, a cor do cabelo, seu sotaque... E esperaria. Esperaria ansiosa o pr�ximo vir at� ela. Eles sempre a achavam, e afinal, era essa a gra�a. Mas de uma coisa ela tinha absoluta certeza: Sempre acabaria do mesmo jeito.
(Daniel Maciel)

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