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SETENTA E SETE COISAS IMORAIS - PARTE 1

IrnQuando era pequeno, acho que com uns dez anos, meu pai e meu tio me levaram prum puteiro. Lembro-me de um coment�rio, antes de chegarmos, que isso era costume da fam�lia, e que quando pequenos ambos haviam ido por conta pr�pria pra um, os dois mais um falecido tio-av� meu que era da mesma idade dos dois. Primeiro subiu o tio-av�, depois meu pai e depois meu tio. Eles tinham tamb�m uns dez, onze anos e eram bem mais corajosos que eu naquela �poca. Ou talvez antigamente os puteiros fossem diferentes. rnO importante � que naquela tarde eu fiquei pela primeira vez sozinho no quarto com uma mulher. Vendo agora percebo que ela era novinha, n�o mais que dezenove anos, e estava meio assustada pelo pequeno garotinho estar ali, se despindo para ela. Suponho que putas reclamem, em pensamento, dos clientes velhos demais, mas n�o sei se reclamam dos extremamente novos. S� sei que ela foi me mostrando os caminhos, aonde colocar o que, como pegar nos peitos dela e como morder. Pra mim tudo parecia meio surreal, j� sabia do b�sico de sexo a pelo menos uns 3 anos, mas s� era coisa de conversa com amigos de escolinha, e tudo falat�rio pin�ado com detalhes de filmes e revistas de pornografia que um muleque mais novo, o Antonio, trazia pra aula. Mas naquele momento eu realmente tinha minhas m�os numa buceta, uma de verdade, n�o como nas revistas, toda limpa e depilada, era uma semi-peluda e meio melada, com uma garota de quase o dobro da minha idade com receio se fingia um orgasmo ou se me encarava como um aluno e me ensinava: ?N�o, garoto. Mexe assim, �. Isso... n�, mais pro lado, pra esquerda, pra esquerda. Pra outra esquerda?. N�o me lembro do nome da garota, mas essa foi minha primeira mulher.rnCresci. E n�o foi a melhor das crescidas. Meu pai morreu quando eu tinha 19 anos, meu tio quanto tinha 19 e minha m�e aos 22. Acabei com a casa dos dois e a vendi logo depois, n�o tinha emprego pra pagar as contas nem paci�ncia pra trabalhar de forma digna, como dizia minha m�e todo dia uns dois anos antes de morrer. Acabei alugando uma casinha pequena, pouqu�ssimo custo, e com a grana que sobrou da casa e das coisas que meus familiares deixaram quando morreram eu me mantenho relativamente bem. De vez em quando arranjo algum trabalho idiota, s� pra passar o tempo e me pagar alguma coisa que eu precise ou queira, mas grande parte do tempo gasto com bebidas, mulheres e livros, se bem que desde os 24 j� nem leio tanto como antes. rnrnE mesmo sendo t�o vagabundo e irrelevante, havia coisas que eu conseguia sem muito esfor�o. Beber & comer garotas de gra�a era uma dessas, talvez fosse meu rosto claramente de sem vergonha ou minha apar�ncia desleixada, beirando ao sujo, que deixasse na vis�o delas alguma impress�o de que eu estava perdido, solit�rio, e que precisava dum bom colo, dum bom gole e dum bom boquete. Eu nunca recusei, e era assim que quase todo final de semana terminava na minha pequena casa, b�bado, comendo alguma garota velha ou nova, feia ou bonita, rica ou pobre, e era assim que de manh� eu inevitavelmente acabava por chut�-las da minha casotinha, algumas vezes n�o antes delas me comprarem comida ou bebida. Infelizmente para Vivan a coisa n�o foi assim. Vivian era uma mulher um pouco mais velha que eu, talvez nos seus 30 anos, nunca pude descobrir de verdade e s� tinha como indica��o algumas poucas marcas que come�avam a despontar em seu rosto. Cabelos pretos, um nariz longo e batom um pouco mais vermelho que o normal. Tinha pernas longas, bonitas, uma bunda aceit�vel e seios s� um pouco pequenos, o esquerdo maior que o direito. Em uma noite, num bar n�o t�o decadente quanto imaginei quando entrei, ela j� estava l�, sentada sozinha numa mesa, bebendo alguma coisa verde sem gelo. Eu me sentei no balc�o, as boas coisas sempre acontecem no balc�o, e pedi uma cerveja e uma dose de maria-mole, sempre come�o a noite com isso, me d� for�as e vitalidades. Fiquei bebendo por uns dois minutos a cerveja diretamente da garrafa e me virei pra maria-mole, Vivian sentou do meu lado naquele momento e ficou olhando enquanto eu virava metade do copo, deve ter gostado do que viu porque quando coloquei o copo na mesa e me virei para ela via um sorriso:rn- Sim?rnrnEla me olhou bem, sorriu e me perguntou se queria mais uma dose. Fiz um pequeno movimento de cabe�a e ela pediu pro velho que estava do outro lado mais duas doses ?disso que ele esta tomando?, o bar era um pouco mais claro do que gostaria e eu conseguia ver perfeitamente que a Vivian estava um bocado maquiada, montada pra atacar esta noite, e que provavelmente eu seria o alvo. As bebidas chegaram, brindamos e bebemos, mesmo sem saber o que eu tomava ela bebeu bem, e quando botou o copo no balc�o continuou me encarando, com um sorriso:rn- Voc� � bem novo. Porque bebe assim?rn- T�dio.rnOutro sorriso. Outro gole. Outros dois copos. Outra pergunta idiota. Quando terminamos de beber a cerveja ela j� estava bem b�bada, tentava soar agrad�vel mas sem demonstrar muito o qu�o estava amargurada com a vida. ?P�ssimo casamento, trabalho de merda, falta de aventuras, sensa��o de que o tempo esta passando? foi isso o que pude supor enquanto ela bebia a cerveja e uma gota escorria pelo canto da boca. ?boca bonita? Eu tamb�m estava ficando b�bado.rnPara fazer dessa monotonia, longa est�ria algo curto, acabamos indo pra minha casa e trepamos. A primeira vez foi bem normal, ainda t�nhamos uma garrafa de sei-l�-o-que do lado da cama e o ritmo ia devagar, parando ambos para bebermos das garrafas que ela comprou. Depois da primeira a coisa foi ficando forte, talvez porque a bebida havia acabado, a trepada foi ficando mais animalesca e a vergonha-de-mulher-casada da Vivian foi desaparecendo. Ela me mordia e chupava enquanto a cama tremia, e pude ver pela fresta da janela que alguns dos vizinhos do lado ligavam a luz. Ela gritava e pedia, desesperadamente, que eu entrasse mais nela, que eu entrasse mais nela, que eu entrasse mais nela, mesmo que j� estivesse bem l� dentro. Vivian era um bocado peluda, e era mais salgada que a grande maioria das garotas e das mulheres. A terceira vez foi mais calma, madrugada e musica agrad�vel, e a quarta, enquanto amanhecia o dia, foi t�o barulhenta quanto à segunda, talvez mais pra mostrar pros idiotas que iam trabalhar de manh� que a vida passava r�pido pra eles e lenta pra gente. Acabei dormindo com ela em cima de mim.rnrnQuando acordei Vivian j� fazia caf� pra mim. Sentia o cheiro vindo daquilo que eu chamava de cozinha, mas que era s� um pequeno c�modo com um fog�o velho e uma geladeirazinha, daquelas tipo frigobar, estranhamente a ressaca n�o vinha pra nenhum de n�s dois, e quando me levantei percebi que ela estava pelada. Havia comprado p�es, mortadela e um caf� bom, e estava de novo sorrindo aquele sorriso da hora do bar. Sentei-me naquilo que chamava de sof� enquanto algum radio duma vizinha tocava musica evang�lica. rn- Come um p�o.rn- N�o.rn- Caf�?rn- Sim, claro.rnEla pegou o meu caf�, o dela, sentou do meu lado no sof� e jogou o bra�o ao redor de mim. Uma m�o no meu pau, outra no caf�. Eu com as duas no copo. Beb�amos um gole de caf� e um beijo vinha. N�o sei por que, mas tinha certa pena dessa mulher. Talvez porque agora, com o sol das nove que entrava na janela ou com o caf� quente eu percebia que aquele primeiro pensamento da hora do bar, de que ela era uma pobre mulher que via o tempo lhe passar r�pido demais era verdadeiro, ou talvez porque em minutos iria pedir para que essa mulher desesperada, sem mais muitas coisas pra se agarrar na vida, sa�sse da minha casa e da minha vida. Ela me deu outro beijo.rnQuando percebi a comia de novo, no sof�. Os copos de caf� no ch�o, a musica evang�lica tocando e Vivian gozando enquanto chupava-a, parte do corpo jogado fora do sof�, a voz falhando e gemendo, o sol batendo nos seus cabelos e eu com uma pena imensa dela.rnQuando terminamos no sof� fomos novamente pra cama. E l� trepamos mais uma vez, ela gritando tanto quanto antes pra mostrar pra vizinha evang�lica que esta era uma casa do diabo, onde pessoas tentavam se agarrar a qualquer outra coisa terrena. Meus l�bios sangraram quando ela me mordeu um pouco mais forte, e dessa vez acabei comendo-a pelo rabo tamb�m, afinal por que n�o, n�o �? No fim da segunda vez ela deitou bem do meu lado, os olhos brilhando com o sol do meio dia e me disse: Ainda com T�dio?rnrnEu n�o podia mandar esta mulher embora.

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