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LAN�A DE FOGO

Rafael, meu anjo, com sua lan�a de fogo apontada para mim. Acabei rindo internamente dessa reflex�o t�o filos�fica e ao mesmo tempo t�o rid�cula. Mas n�o conseguia tirar aquela id�ia da cabe�a ao v�-lo daquela forma.

Sua camisa rasgada, do colarinho at� o meio do peito – obra de meu ataque recente -; sua cal�a arriada at� a metade das coxas e sua cueca que estava descida o suficiente apenas para que aquela lan�a ereta pudesse surgir à luz e manter-se apontada para minha dire��o.

Eu nunca o tinha visto daquela maneira. Nunca sequer havia pensado que Rafael tinha um p�nis. N�o que eu o achasse um ser sem sexo, mas por que eu n�o conseguia v�-lo de forma sexuada. Isso at� aquela manh�. Mas era t�o lindo...

Nunca imaginei que Rafael pudesse ter m�sculos tamb�m. Mas ali estavam eles, expostos gra�as ao rasgo da camisa, entalhados em sua pele branca. Sua cal�a arriada mostrava coxas definidas por debaixo dela e seu p�nis parecia mais musculoso do que os normais, mais viril.

O que havia dado em mim para me permitir ir t�o longe? Eu n�o saberia responder. Parecia uma boa id�ia h� alguns segundos atr�s, mas agora... A quem quero enganar? Ainda me parecia uma �tima id�ia.

Rafael sempre foi meu melhor amigo, meu confidente, meu protetor. Ele era filho da empregada de minha casa. Minha m�e, por gostar muito dele, resolveu amadrinhar a sua educa��o e desde ent�o que ele vem sendo tratado como um irm�o para mim. Embora sempre agisse como um servente.

Apesar de nossas diferen�as, sempre gostei muito dele. Mas tamb�m, quem n�o gostaria? Quem n�o gostaria de ter um homem atencioso, educado, sens�vel e devoto perto de si? Sua lealdade me envaidecia, sua dedica��o me mimava e seu ombro sempre me confortava nas horas mais necessitadas. Como as que acabaram de passar.



*

Mais uma vez eu havia sido enganada. Nos meus m�seros dezesseis anos, acho que j� me dera mal no que as pessoas chamam de amor mais vezes do que me lembro existirem filmes que falem sobre o assunto. Mas aquele havia sido, sem d�vida, o golpe mais forte.

Mateus... Como eu amava aquele nome. Queria p�-lo para meu futuro filho, mas agora eu o odiava. Pois a partir daquela noite, sempre que eu lembrasse desse nome, lembraria do homem a quem me entreguei pela primeira vez. Ao homem a quem me permiti deixar conduzir pelos caminhos do sexo. E o homem que, dias depois, havia me trocado.

Rafael sempre me avisou sobre ele. Sempre disse que ele n�o gostava de mim, que s� queria me levar para a cama, por isso mantinha o namoro. Eu n�o acreditei nele... Talvez seja por isso que eu esteja com tanta raiva agora.

De fato havia acontecido como ele falou. Mateus foi um verdadeiro cavalheiro nesses um m�s de namoro. Ele tinha uma fama de mal-car�ter, mas eu acredite sinceramente que ele havia mudado por mim. Como eu fui tola.

Eu sempre havia lido que o sexo era uma express�o m�xima de amor. Que era usado por casais apaixonados para fazer feliz o outro. Como eu odiava os romances juvenis que haviam me feito crer nessa baboseira. Pois agora eu sabia que o sexo tamb�m poderia ser usado para outro Fim: o jogo.

Mateus jogou comigo. Assim como jogou com outras garotas, como eu vim a descobrir. Para ele, a finalidade era descobrir o que havia entre as pernas de cada mulher e para isso, ele lan�ava seus dados, trabalhava suas regras. Todas com a �nica finalidade de vencer a partida. E o canalha sempre vencia.

Comigo n�o foi diferente. Pois foi s� eu finalmente me render, permitindo seu p�nis penetrar-me o corpo, arrancando-me da mocidade e me levando para a vida adulta, que logo ele me largou. Eu me sentia usada... Na verdade como eu sempre fui...

Rog�rio, meu primeiro namorado. Me usou para acender socialmente no col�gio quando eu tinha doze anos. Martins, meu segundo namorado. Me usou para desmentir boatos de que era homossexual. Diogo, meu terceiro namorado. Me usou para fazer ci�mes em sua ex...

Por que todos me usavam? Por que ningu�m queria de verdade estar comigo...



Mais uma vez eu olhei para Rafael. Ainda im�vel. Quase completamente despido. Passivo, esperan�oso e aguardando para ver aonde meu ataque de loucura iria me levar. Rafael. Meu anjo protetor. Eu sempre dizia que ele era como o Anjo Rafael, da b�blia. O anjo com lan�a de fogo que protegia as entradas do para�so. Mas era a primeira vez que eu via sua arma.

Essa noite, eu havia chegado em casa aos prantos. Como sempre acontecia em cada t�rmino de rela��o. Por sorte n�o havia ningu�m, com exce��o de Rafael que estava na sala lendo algum livro chato de biologia. Algo que ele gostava muito.

Ao me ver, largou o livro e subiu atr�s de mim e apesar de eu tentar me livrar dele, ele foi r�pido o bastante para me alcan�ar e entra comigo em meu quarto antes que eu fechasse a porta.

- Sai daqui! – ordenei.

- O que houve? – perguntou, embora eu soubesse claramente que ele j� conhecia o motivo de meu pranto.

- Sai daqui! – repeti, tentando esconder o rosto em l�grimas.

- Foi o Mateus. – N�o foi uma pergunta, e sim uma constata��o.

Eu me calei. Ficando im�vel esperando que ele dissesse, “eu te avisei”, Mas ele nunca falava isso. Nunca jogava na cara as pessoas de que ele havia alertado. E ele sempre me alertava antes...

E foi ent�o que, ali parada, eu pude v�-lo dos p�s a cabe�a. Um garoto alto, 1,80m, branco, com cabelos bagun�ados e ca�dos sobre a testa na cor preta. Olhos avel�, que agora me olhavam com uma pena contida, pois ele sabia que eu odiava que as pessoas sentissem pena de mim.

Ele vestia uma blusa branca simples e uma cal�a de moletom. Apesar de minha m�e sempre comprar as melhores roupas para ele, ele preferia as mais simples. T�o humilde, t�o ciente de seu lugar. E naquele momento, como aquela dedica��o toda me deixou com raiva.

Raiva por que, eu sempre o tive ao meu lado e nunca lhe dei ouvidos. Raiva por que eu sabia que ele queria me consolar, cuidar de mim, mesmo que eu tenha ignorado seus alertas ou o esteja tratando mal agora. Raiva por que, n�o sei por que, uma curiosidade me tomava à medida que eu via seu peito crescer a cada suspiro. Uma curiosidade de saber o que havia debaixo de toda aquela roupa.

Por que eu estava pensando naquilo? Eu n�o sabia...

- Eu sinto muito – ele disse, dando um passo para frente.

- Sei que sente – apesar de sincera, n�o pude deixar que minha voz sa�sse como uma farpa de gelo, pois ainda sentia uma raiva irracional dele – Mas eu n�o quero sua piedade.

- Mateus n�o te merecia – continuou, ignorando meus ataques de f�ria, como sempre fazia.

- � mesmo? – respondi com ironia – Ent�o, quem merece? Por acaso eu devia ficar sozinha para sempre, j� que ningu�m � bom o suficiente para ficar comigo?

- Existem muitos merecedores – ele disse, dando mais um passo para frente. – Mas voc� insiste em escolher os errados.

- Cite um – desafiei.

Mas ele se calou. Seus olhos cor de avel� miraram para o lado quando sua boca tremeu, sem produzir nenhum som e eu n�o pude deixar de imaginar que sabia quem seria a pessoa que ele indicaria.

- Existem muitos – disse vagamente.

E naquele momento eu senti mais raiva dele. Raiva por que ele n�o fora capaz de dizer o nome que eu sabia que lhe veio à cabe�a. Raiva por que ele era sempre t�o passivo, sempre t�o educado e sempre t�o mosca morta. Sempre deixando que eu cometesse meus erros mesmo sabendo que estava errada. Sempre me fazendo sentir bem quando na verdade eu merecia ser tratada mal. Sempre me dando palavras de conforto quando eu obviamente precisava de uma reprimenda. Pois s� assim eu tomaria jeito.

Ele era t�o fiel, t�o passivo. Eu basicamente poderia come�ar a soc�-lo que ele nem se importaria... E foi com essa id�ia que, quando Rafael se aproximou, lhe dei uma bofetada na cara. N�o sei por que fiz isso, talvez s� para provar minha teoria para mim mesma.

E como suspeitei, ele nada fez. Ficou assustado, era �bvio, mas levou a m�o ao rosto e ficou assim sem dizer, fazer ou simplesmente gemer em protesto. Como ele era passivo. Eu basicamente poderia fazer o que quisesse com ele... O que quisesse... Us�-lo como bem quisesse...

A id�ia foi se repetindo v�rias e v�rias vezes em minha cabe�a. Cada vez mais tentadora. A cada hora mais forte. A cada segundo mais poss�vel. E foi ent�o que cometi a segunda loucura da noite e agarrei sua camisa e com for�a, rasguei-a. Promovendo um corte tosco que ia da gola at� o meio do peito.

A pele revelada mostrou os m�sculos de seu t�rax. Nunca em toda a minha vida, havia visto Rafael como um homem forte e nem t�o bonito.

Esperei que ele fizesse alguma coisa, mas ele n�o fez nada. Percebi que o volume entre suas pernas ganhava tamanho, mas nem assim ele foi capaz de reagir. Eu o encarei, esperando que finalmente reagisse. Que entendesse o que eu queria embora nem eu mesma compreendesse com perfei��o.

Eu n�o sabia o motivo, mas queria que ele me agarrasse naquele momento, que me jogasse na cama, e que me penetrasse com a lan�a de fogo que agora era armada em suas pernas. Queria que ele me penetrasse com paix�o e brutalidade. Rapidez e precis�o. Queria que ele me perfurasse como que me punindo por ser t�o burra e t�o mal agradecida.

Nada. Ele t�o pouco reagiu. Ainda me olhando surpreso, ainda im�vel. Ent�o, levei as m�os a suas cal�as e rapidamente as desci at� a altura da metade das coxas. E antes que ele pudesse sequer pensar no que acontecia, baixei tamb�m sua cueca, libertando a lan�a que se ergueu ao alto como que pronta para a batalha.

Eu a olhei ent�o pela primeira vez. Grande, grossa. Branca como o resto de seu corto, mas com uma cabe�a vermelha e avantajada, como que representando as chamas que nela havia. Dei alguns passos para tr�s, vendo o fruto de meu trabalho. E naquele momento eu pude ver toda a masculinidade que ficava adormecida nele a maior parte do tempo.

Seu corpo forte, esguio, com defini��es bem claras na pele branca. Seu rosto firme, que, apesar de passivo, demonstrava uma for�a nunca antes vista, como se ele fosse sim um homem valente, mas que sua valentia consistisse em ir at� onde eu quisesse. Como se ele fosse realmente um anjo da guarda, capaz de fazer qualquer coisa, desafiar qualquer perigo, se esse fosse o meu desejo.

Rafael engoliu em seco e esperou, e foi ent�o que eu entendi. Ele queria uma ordem. Apenas uma ordem. Apesar de ele n�o ser um empregado, sempre foi serviu como um. Como se a servid�o fosse sua heran�a sangu�nea e ele tamb�m carregasse, assim como sua m�e, a responsabilidade de servir à minha fam�lia.

- Tira a roupa! – apesar de firme, minha voz saiu baixa. Mas ele escutou e lentamente, foi terminando o trabalho que eu iniciei. Primeiro a blusa, depois a cueca e a cal�a num s� movimento. At� os chinelos ele atirou para o lado e nem ao menos a correntinha de ouro, presente tamb�m de minha m�e, sobreviveu a minha ordem e foi deixava em cima de minha c�moda.

Ele estava nu na minha frente. Seus olhos firmes, mas cheios de amor. Dessa vez, n�o demonstravam a surpresa ou o receio de antes. E sim uma esperan�a, como se enfim estivesse prestes a cumprir a ordem que sempre esperou.

Eu andei at� ele e sem pensar duas vezes, agarrei seu �rg�o quente. Como era bom sentir o calor de sua lan�a de fogo e logo senti aquelas chamas me correrem o corpo, consumindo-me. Minhas m�os ent�o correram para suas n�degas. Firmes, por�m macias.

O abracei, sentindo todo o calor de seu corpo em contato com o meu, o cheiro de sua pele em contraste com a minha, o som de seu respirar cantando junto ao meu.

- Me possua – pedi – N�o seja gentil comigo, pois eu n�o mere�o.

E atendendo os meus pedidos, ele levou a m�o a minha camisa de bot�es vermelha e, num movimento r�pido, abriu-a, desabotoando todos os bot�es de uma vez, fazendo at� alguns ca�rem ao ch�o. Depois, antes que eu pudesse demonstrar qualquer manifesta��o, abriu o feixe de meu suti�, que ficava entre os seios, fazendo-os ca�rem para fora.

Dei um passo para t�s, pela primeira vez sentindo receio dele. Pois pela primeira vez, ele me mostrava um lado diferente. Um Rafael nunca antes visto. Antes que eu pudesse me afastar mais, ele me pegou com uma viol�ncia calculada e segurou um de meus seios com a m�o enquanto a outra enla�ava minha cintura.

Ele massageou meu pequeno seio entre seus dedos enquanto competentemente desabotoava minha calma e enfiava a m�o no interior dela. Meu corpo inteiro enrijeceu quando sentir seus dedos invadir-me, alisando minhas intimidades sem nenhum respeito ou pudor. Aquilo me assustou, mas eu n�o mandei que parasse. Pois corria o risco de ele obedecer e estragar todo o momento.

Ele levou meu seio a sua boca e ali o chupou, o mordeu, o beijou, tudo e nada, ao mesmo tempo. Eu mordi os l�bios para n�o gritar de prazer, enquanto sentia-o me invadindo. Minha cal�a n�o resistiu e eu lutei para me manter de p� enquanto ele a arriava com viol�ncia.

Mas eu n�o resisti a um pux�o dele e cai deitada na cama. Minha cal�a e minha calcinha foram tiradas de mim, deixando-me apenas vestida pela metade na parte de cima, com a blusa aberta e os seios a mostra.

E foi ent�o que eu o senti. Sua l�ngua invadindo minhas intimidades, lambendo todo o seu interior. Dessa vez, tive que pegar o travesseiro e coloc�-lo na minha cara para abafar os gritos de prazer. A casa estava vazia, mas nunca se sabe quem poderia chegar a qualquer momento.

Rafael me lambeu uma, duas, tr�s vezes. Sua l�ngua forte empurrava meus grandes l�bios a cada investida, suas m�os macias e firmes massageavam meu corpo, brincavam com meus seios, penetravam minha vagina. Eu arrisquei uma olhada e o vi, com os olhos cor de avel� mirados em mim, enquanto sua l�ngua estava dentro de minha vagina.

Por um segundo, fiquei presa naquele olhar magn�tico, mas ent�o, tive de parar, pois mais uma onda de prazer amea�ou arrancar um grito de mim e eu tampei a cara. Como aquilo era bom. Estranho, pois mesmo tendo tido a minha primeira vez h� t�o pouco tempo, n�o me lembrava de ser assim.

Mas ent�o, como havia come�ado, tudo parou. Eu fiquei frustrada por esses longos segundos em que senti minhas pernas sendo abertas mais e quando olho, vi Rafael mirando a sua verve para a entrada de meu corpo. A ansiedade me acometeu e desta vez eu n�o me atrevi a virar o olhar. Eu queria v�-lo me penetrando.

Assim, sem tirar seus olhos dos meus, ele fez o movimento. Primeiro a ponta de sua lan�a encravou em mim, depois ela toda, escorregando para dentro de mim.

- Ahhh! – n�o consegui ser r�pida o suficiente para abafar o gemido, mas n�o me importei e Rafael t�o pouco, pois continuou a me penetrar sem se importar que algu�m chegasse.

Uma, duas, tr�s. Movimentos simples, r�pidos ou circulares. Ritmos fren�ticos seguidos de pausas para aumentar a angustia. Foi assim que ele foi me penetrando. De forma bruta e tamb�m de forma carinhosa. Usando as m�os para massagear-me os seios. Eu enlacei sua cintura com minhas pernas e me deixei ser possu�da.

Com minhas m�os curiosas, tateei seu corpo, à procura das ondula��es musculares que eu tanto ignorei, mas que agora me exerciam um fasc�nio infantil. Atr�s dele havia meu grande espelho que eu usava para me arrumar. Como era bom o fato de ele estar ali, voltado para n�s. Pois atrav�s dele eu conseguia ver sua bunda perfeita se contraindo a cada penetrada. Era um espet�culo divino.

Entra, sai, entra, sai... Meu deus, eu poderia morrer ali que ainda assim morreria feliz. Morreria gozando. Entra e sai, entra e sai. O suor come�ava a brotar de sua pele, dando-lhe uma apar�ncia brilhosa. Entra e sai. Eu queria dizer obscenidades, queria orden�-lo que fosse mais r�pido, mas o prazer me impedia e de minha boca apenas gemidos de prazer sa�am. Entra e sai.

E foi ent�o que aconteceu, Uma explos�o dentro de mim, que, por um segundo, me privou de qualquer sentido. Tudo ficou nada e eu s� pude gemer alto quando todo o meu corpo se enrijeceu. Ate minhas pernas apertaram o abra�o em torno de Rafael, que continuou como se nada houvesse acontecido. O que fora aquilo? Nunca havia sentido aquilo antes. Um prazer incomensur�vel, quase divino, mas que, muito longe de me deixar satisfeita, me fez querer mais.

Nesse momento fechei meus olhos e concentrei toda a sensibilidade em minha vagina, sentindo com aten��o as peles que se ro�avam, a sua cintura batendo contra minhas pernas a cada penetrada, o cheiro do s�men que se intensificava. E ent�o ele veio de novo, mais forte e mais intenso. Gemi novamente. Alto, quase desesperado. Quem me ouvisse poderia jurar que eu estava sendo morta, mas n�o me preocupei em abaixar o tom.

Ele continuou, incans�vel e eu me mantive esperan�osa, aguardando o pr�ximo. Ent�o, vieram dois. Um, dois, seguidos, que me fizeram gritar, dessa vez n�o s� de prazer, mas de dor. Ent�o, o prazer tamb�m podia causar dor. Que paradoxo. Eu queria pedir para que ele parasse, mas n�o fui capaz. Agora, mais que nunca eu desejava a sua lan�a de fogo, que me queimava por dentro, me punia por ser t�o burra, mas tamb�m perdoava como todo anjo.

Entra e sai, e foi ent�o que a cosia mudou. Eu n�o sabia o que era, mas ao olhar para ele, suado como se estivesse no deserto, percebi que Rafael estava diferente. Mais concentrado. As penetra��es aumentavam de for�a e rapidez. Ele agora me agarrava com mais firmeza, como que impedindo que eu sa�sse correndo. A dor ainda era forte em mim, mas algo novo foi chegando. Um novo orgasmo. Agora eu sabia. Era aquilo o orgasmo. N�o me espanta eu n�o t�-lo reconhecido, j� que jamais tivera um.

Isso por que minha primeira experi�ncia sexual foi h� pouco tempo e tamb�m n�o foi das melhores. Mateus n�o era nem metade do homem que Rafael era. S� queria eu ter percebido isso antes, pois se assim fosse, quanto sofrimento n�o teria evitado, quantos gozos eu n�o teria vivido? Quando...

- Ahhh! - Meu pensamento foi cortando quando o quinto e �ltimo orgasmo nos acometeu. Eu e ele. Ambos, gritando alto como animais no matadouro. Um segundo longo, duradouro, infinito. R�pido e longo em sua ess�ncia. Naquele momento, nada mais havia. N�o havia quarto, n�o havia Rafael e tamb�m n�o havia eu mesma. Era s� o prazer que dominava.

E t�o r�pido quanto veio, acabou e Rafael caiu exausto sobre mim, rindo feito uma crian�a. Eu tamb�m ri, contagiada com sua alegria. Ficamos ali, suados, cansados, mas acima de tudo, revigorados. N�o nos falamos, n�o nos olhamos, sequer demonstramos um para ou outro que ainda est�vamos vivos. Pois eu queria apenas – e acredito que ele tamb�m – aproveitar o momento.

Eu alisava o cabelo molhado de Rafael e ele me abra�ava. Assim ficamos... Sua lan�a de fogo ainda estava dentro de mim, perdendo o volume à medida que os segundo passavam. Ele n�o se preocupou em tirar e eu muito menos em pedir que o fizesse.

Naquele momento eu s� era capaz de pensar. Pensar em como aquilo havia sido bom. Pensar em como eu havia perdido tanto tempo n�o vendo que Rafael era o homem certo desde o principio. O que aconteceria depois? Eu n�o sabia. Na verdade, n�o estava preocupada, pois agora o tempo tamb�m n�o existia. N�o havia passado e sua dor. N�o havia futuro e suas incertezas. Apenas o presente e o prazer nele vivido.



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