O agente administrativo do Minist�rio P�blico recebeu um recado de um dos promotores de justi�a da promotoria onde trabalhava e agora estava ali de p�, na porta da sala dele, com medo do que iria acontecer. Bateu na porta e entrou. O promotor, um homem de seus 30 anos, vestido de terno e gravata, estava sentado, calmo, atr�s da mesa, folheando alguns pap�is.
- Boa tarde, Luis.
- Boa tarde, dr. Guilherme.
- Tranque a porta.
O funcion�rio virou a chave e tremeu. Sabia que devia muito.
- Luis, voc� se lembra deste processo aqui?
Colocou alguns pap�is em cima da mesa. Luis ia se sentar em uma cadeira para olhar os pap�is quando ouviu:
- Eu n�o mandei voc� se sentar.
Confuso, Luis pegou os pap�is e disse que n�o. Trabalhava com tantos processos n�o podia se lembrar de um.
- Mas este chegou nas minhas m�os em dois dias, Luis. – Interrompeu o promotor. – A m�dia de demora aqui � de dois meses em processos como este. – Pegou mais alguns pap�is. – E deste Luis, voc� lembra. Deve se lembrar, porque discutiu o pre�o pra colocar ele na frente dos outros atrav�s de e-mail que voc� escrevia aqui mesmo da promotoria.
A cara de choro do funcion�rio estava patente. Guilherme, calmo, alertou:
- Escute com bastante aten��o, Luis. Se voc� sair desta sala, voc� arruinou a sua vida. – E mais firme – Entendeu, bem?
Luis n�o respondeu nada. Estava aturdido com esta afirma��o.
- Quer se sentar, Luis?
De novo o agente administrativo fez men��o de escolher uma cadeira, mas o promotor o impediu com um gesto.
- N�o, n�o. – E bateu em uma de suas coxas. – Vem c�, vem.
- Como assim, dr.?
- Quero que voc� se sente aqui no meu colinho, vem.
O conselho para n�o sair da sala estava ecoando ainda em sua cabe�a que ele nem pensou em fugir. Deu alguns passos titubeantes e parou.
- Vem, Luis. Ou voc� acha que eu n�o sei que voc� j� viu muita pornografia gay aqui dentro. Psiu – e apontou pras provas contra ele que estavam em cima da mesa. Luis gaguejou alguma coisa como “eu posso explicar”.
- N�o te pedi explica��o. Mandei sentar aqui. Vem. – Tomou o bra�o do funcion�rio e o arrastou at� ele. – � uma cadelinha bem ordin�ria mesmo. Como � que voc� se suja por t�o pouco?
A essa altura, Luis j� chorava pedindo desculpas, sentindo raiva por ter sido descoberto e constrangido por estar ali, sentado na coxa de um homem que estava alisando o seu rosto como se avaliasse a maciez da sua pele. O promotor se levantou e prendeu um de seus bra�os nas costas, empurrando Luis para mesa e mandando que ele ficasse ali. Sem deixar de prender o bra�o do corrupto, dr. Guilherme tirou seu pr�prio cinto e colocou na cara de Luis.
- Beija isso.
Luis chorava baixo com medo de que algu�m ouvisse e entre solu�os perguntou o que ele ia fazer. Neste mesmo instante, sentiu sua bunda sendo pressionada pelos quadris de Guilherme com for�a, e ouviu a ordem novamente:
- Beija.
Beijou o cinto e o promotor largou seu bra�o. Luis colocou o rosto entre as m�os e chorava, enquanto Guilherme o encoxava por tr�s, segurando firme a sua cintura. Suas m�os chegaram at� o bot�o, o z�per, e depois de abertos, baixou as cal�as do funcion�rio que ficou ali, com um peda�o do corpo nu, desprotegido e chorando. O promotor puxou os cabelos de Luis e disse:
- Vadia, eu vou te dar cinco cintadas. A cada uma voc� vai repetir: “Eu sou a cadelinha do dr. Guilherme”. Entendeu?
Embora o choro o impedisse de emitir qualquer som intelig�vel, o promotor acreditou que dissera sim e come�ou. Deu uma com for�a e s� escutou um grunhido. Voltou a puxar os cabelos de Luis e disse:
- Essa n�o valeu porque eu n�o ouvi nada. Fale claro e bem devagar.
E deu de novo. Ouviu bem. Fingiu que ia dar e riu quando Luis come�ou a falar e desistiu. Deu de novo. Mirou mais pra baixo para que acertasse nos test�culos do castigado e perdoou que daquela vez ele falasse a frase quase sem ar. Terminou as cintadas e voltou a encoxar o sujeito e inclinou-se sobre ele. Colocou as m�os em seu peito e fez com que ele ficasse de p�. Guilherme era um pouco mais alto e por um tempo permaneceu como que cheirando o cangote de Luis; n�o era bem isso: ele gostava � de sentir o calor que emana dos corpos medrosos e humilhados. Mordeu de leve a orelha de Luis e sussurrou:
- Quero que a minha cadelinha v� ao banheiro e lave bem o rosto. N�o demore.
Luis levantou a cal�a como conseguiu, j� que estava imprensado entre Guilherme e a mesa. Foi at� o banheiro, sentou no vaso de chorou. Sentiu vontade de voltar l� e esmurrar Guilherme. N�o sabia se aquilo que passou era pior do que os processos administrativos e judiciais que enfrentaria. Pouco adiantou lavar o rosto que continuou muito vermelho. Saiu dali e Guilherme j� trabalhava normalmente. Engoliu em seco e pediu:
- J� posso ir embora?
Sem parar de escrever, o outro respondeu:
- Eu gosto de ouvir que sou um doutor.
- Doutor. – Emendou Luis, com as m�os cruzadas na frente e a cabe�a baixa.
- Eu gosto de ouvir as frases inteiras.
O funcion�rio levantou a cabe�a e seus olhos suplicavam para que a humilha��o acabasse, mas Guilherme, indiferente, olhava apenas para pap�is em cima da mesa. Luis aceitou sua condi��o e falou a frase como ele queria.
- Venha aqui antes. – O promotor abria uma gaveta enquanto falava. Tirou dali de dentro uma calcinha fio dental, pegou a m�o de Luis e colocou a pe�a dentro dela. – Volte amanh� aqui com isso. E fa�a a barba bem feita. Quero o seu rosto bem liso amanh�.
Enquanto se dirigia humilhado para a porta, o funcion�rio ainda ouviu um “psiu”. Voltou-se:
- Late pra mim.
Com �dio nos olhos e vontade de sumir por algum buraco que se abrisse no ch�o, Luis respondeu:
- Au.