Ol�, voltei. Agrade�o aos e-mails que recebi de muita gente que j� passou por coisas semelhantes Vamos ao caso!!!
N�o ouvia falar da Karin h� anos. Fiquei sabendo que ela casou com um dono de uma grande loja de roupas num shopping aqui de SP, e que tinha grana, mas nem quis detalhes. Tudo mudou quando sai de f�rias h� 3 semanas. Planejei por anos esta viagem, queria conhecer a It�lia, mas, minha ex-mulher � m�dica e em 19 anos de casamento nunca tiramos mais do que 4 dias de folga, nem em feriados, ent�o, adiei, e com o divorcio, pude finalmente fazer a minha viagem. Eu estava no port�o de embarque quando o sistema de som anunciou o meu nome. Eu levei um susto, e quando eles repetiram o chamado, fui apressado e constrangido at� o balc�o indicado, e para a minha grata surpresa, por estar viajando sozinho, a companhia a�rea trocou a minha poltrona, da classe econ�mica para a executiva. Nem ouvi direito às explica��es da comiss�ria, simplesmente peguei o meu ticket e fui para o port�o. Minha viagem j� estava come�ando bem, alias, como solteiro pude observar com mais calma o mulherio que iria viajar comigo, desde as comiss�rias às mulheres acompanhadas. Quando chamaram os passageiros da classe executiva me dirigi à pequena (e seleta) fila e de repente vi duas crian�as correndo na dire��o de uma corda de isolamento à frete de uma porta de vidro, e o garoto da frente corria olhando para tr�s irritando a garotinha que o perseguia e foi quando percebi que ele iria se arrebentar na porta. Rapidamente me coloquei entre ele e a porta e ele trombou comigo. A pancada foi mais forte do que eu previa, e ele se assustou, se desculpando com cara de choro, e enquanto eu me recompunha, ainda ajoelhado, vi um belo par de pernas a minha frente. Os sapatos era de um vermelho vivo, aparentemente caros. A dona das pernas j� veio se desculpando pela “arte” dos filhos, e quando olhei para cima levei outro tranco. Era Karin, ali parada na minha frente, p�lida, muda, com a m�o estendida na minha dire��o. Num segundo me levantei e lhe dei a m�o tamb�m, e ficamos alguns segundos sem palavras uma para o outro. Disse alguma coisa tipo “tranquilo, sem problemas, as crian�as vivem esbarrando em mim”, e um segundo depois me arrependi, era a piada errada, na hora errada e pra pessoa errada. Ela se refez rapidamente do susto e com um sorriso amarelo juntou as crian�as e voltou para o local onde estava sentada dando-lhes uma bronca. Ainda assustado fui chamado pela comiss�ria que assistiu a cena toda e finalmente entrei no corredor do embarque. Quando estava chegando na porta do avi�o uma senhora ao meu lado riu e disse: “voc� n�o pode entrar neste avi�o, porque se sair mais fa�sca no pr�ximo encontr�o com aquela mo�a o avi�o vai cair”. Sem entender o coment�rio olhei para a senhora e perguntei o “porque?”. Ela disse que o clima ficou diferente quando nos olhamos, e como viajar�amos para o mesmo lugar, “fortes emo��es” podem acontecer. Nem preciso dizer que a minha viagem foi uma merda, a cada vez que a cortina dividindo os setores se abria eu quase caia da poltrona para ver se a via l� atr�s. Decidido a v�-la novamente, meio da viagem, esperei para que os dois banheiros ficassem ocupados, e me levantei e questionei à comiss�ria se poderia usar o do fundo doa avi�o, e ela com um sorriso gentil nos l�bios me indicou o corredor da esquerda para segui-la, e quando eu estava passando pelo corredor atr�s dela ela parou de repente, e moveu a cabe�a para a esquerda, quando olhei para a esquerda dei de cara com a Karin, sentada ao lado das duas crian�as, me fitando com uma express�o s�ria, sai dali quase empurrando a mo�a à frente. Entrei no banheiro e fiquei ali por uns 2 ou 3 minutos, e quando sai dei de cara com ela novamente. Ela me puxou para o fundo do avi�o, onde ficam as comiss�rias durante o voo e encostou numa pequena pia, de costas pra mim, sem se virar. Sem ter o que dizer, ou sem saber o que dizer, gaguejei um “oi”. Ela se virou e me olhou como no passado, como naquela noite na minha casa, na noite em que transei com a minha prima. Este olhar era caracter�stico, uma raiva misturada com tristeza, e que penetrava fundo na alma. Eu sinceramente n�o sabia o que dizer, a voz n�o saia. Ela come�ou: “indo passear?” seu tom era ir�nico. Estou tirando umas f�rias! “Sozinho?” Sim, eu to sozinho h� algum tempo! “mas e a priminha, n�o quis vir?” N�o, o marido dela ! Entendi onde a situa��o estava me levando e perguntei: E voc�? “eu to indo visitar uma amiga com os meus filhos” E o marid�o? “vai nos encontrar l� em Roma na semana que vem. Outro choque. Roma? Voc� esta indo para Roma? Sim, qual o problema? Nenhum. Voc� esta indo pra onde? Pra Mil�o! Ela riu alto, me dizendo que mentir nunca foi o meu forte. Sem gra�a ri e dei de ombros. Ela, para minha surpresa, come�ou a contar sobre a fam�lia, o casamento, os filhos e em 20 minutos j� contara resumira quase toda a sua vida. Ouvi ela contar e recordava como era o nosso relacionamento. Viajei nas mem�rias at� que ela me deu um tapa na m�o, dizendo “acorda”, voc� ta me ouvindo? Desculpe, voltei à garagem da sua casa. Ela deu um sorriso amarelo e eu pedi para ela repetir a ultima frase, e ela sem jeito repetiu: “Voc� caso com a sua prima?” N�o, imagina, h� anos n�o h� vejo, ela casou e perdemos contato” Ela rindo novamente disse que eu podia tentar mentir a viagem inteira mas n�o daria certo. Eu n�o podia desmentir agora, ent�o ri e disse que ela estava enferrujada. Rimos, e a esta altura j� us�vamos os assentos das comiss�rias, que agiam inclusive como cumplices de algo. Disse que o que houve com a Patr�cia foi muito mais car�ncia e carinho do que qualquer outra coisa, e ela apenas assentiu com a cabe�a, e de repente, disse: “eu odiava aquela vagabunda”. Eu ri porque a frase saiu fora de tom, numa altura suficiente para que algumas pessoas das poltronas do fundo olhassem para tr�s. Nos levantamos r�pido e ficamos “escondidos” atr�s da parede que divide os corredores. Rimos baixinho, e aquela situa��o, juntos, com os corpos quase colados, a 19 mil metros de altura do ch�o, numa cumplicidade impar, o beijo rolou f�cil, e as imagens na cabe�a rolavam na mesma intensidade, as lembran�as da primeira vez na poltrona na garagem, o primeiro gozo juntos, as vezes em que quase fomos pegos em flagrante, o no calor dos corpos quase comecei a tirar a camisa quando ela deu um passo atr�s e me empurrou. “O que voc� esta fazendo?”, Nada! Ela voltou apressada para a sua poltrona e fiquei alguns minutos ainda tentando absorver a situa��o. Voltei para a minha poltrona e como um tolo, deitei na minha poltrona e dormi. Acordei com a comiss�ria me dizendo que est�vamos para pousar, pedindo para voltar a poltrona à posi��o original, bla bla bla. Corri ao banheiro e lavei o rosto e voltei ao meu assento. Desembarcamos mas n�o consegui v�-la novamente. No sagu�o logo avistei o respons�vel pela empresa de viagens com uma plaquinha com o meu nome, e antes de cumprimentar o cara pedi uma caneta e rasguei um peda�o do papel e escrevi “HOTEL UMA em Roma”. Saquei uma nota de 10Euros e num italiano porco, dei o bilhete para o rapaz e, quando a avistei saindo do port�o de desembarque, com um carrinho com diversas malas, e com as crian�as obviamente irritadas por causa da viagem, indiquei a ele que entregasse a ela. Ele, como todo bom italiano, quando percebeu o que estava havendo foi at� ela, e muito polido, pegou em sua m�o e entregou o bilhete. Ela leu, olhou em volta, provavelmente me procurando, e quando me viu, fechou o semblante e devolveu o bilhete ao rapaz, que voltou com uma cara de tonto disse: “perdona il signore, esso ha rinviato me!” (desculpe senhor, mas ela me devolveu). Eu ri, e naquele momento descobri que a minha viagem seria fant�stica! Eu prometo que o pr�ximo cap�tulo � o ultimo! Aguardem e votem!!!