101(cento e um)-Cabritas
Lezard
Ferias de fim de ano.Estou muito cansado.Seis horas de trem,e mais uma hora a cavalo ateh chegar na fazenda de meu tio Tota.Fomos dormir muito tarde,meus primos querendo papear,saber das novidades.Acordo com o aboio de Ze Preto,o vaqueiro.Meu tio entra no quarto,jah de gib�o:-Acorda,cambada!Aqui eh a casa do mau homem,quem n�o trabalha n�o come!Vou levar a boiada pra rua,e Compadre Toinho pediu pra eu levar a dele tambem,porque Sinhazinha estah no hospital,e ele vai ter que ir pra lah. Cristiano,que estah mais acostumado com o campo,ajuda os meninos com as vacas de leite,e tu,Amarelinho,ajuda Miguelzinho a levar as cabras pro pasto.Levanta,magote de coisa ruim!V�o escovar as fucas e tomar cafeh!Depois,toca a trabalhar!Sen�o,sabado ninguem vai pro folguedo! Levanto sonzo,e puto da vida!Cristiano,meu primo da cidade que viera comigo,tinha ajeitado me apresentar uma menina da vizinhanca,irm� da que ele estava paquerando.N�o sendo nenhum portento de beleza,basta ver o apelido que meu tio me botava,na roca era outro departamento.Lah,eu era requisitado pelas minas!Miguelzinho era meu primo cacula,de doze anos,a quem eu,do alto dos meus quinze anos,achava uma criancinha,com quem n�o teria o que conversar direito nem fazer nada interessante durante todo o dia de trabalho com ele! Vamos tomar cafeh,e na cozinha encontro Sa Nana,velhinha moradora da fazenda de quem gosto muito.Tia Dora diz a meu tio:Tu botou os meninos pro campo pra fazer o que,Tota?Eles n�o t�o acostumados. Meu tio retruca:Besteira,mulher.O Gordo eu botei pra ajudar Claudio com as vacas.O Amarelinho vai ajudar Miguelzinho com as cabras Sa Nana espera que minha tia deh as costas,e diz baixinho pra nos dois,com um risinho safado:Epah!Cuidado com as cabritas,seus sonsos!N�o entendo o que ela quer insinuar,mas Miguelzinho fica vermelho,pega a caneca e sai correndo,indo terminar o cafeh de cocoras no terreiro.Fico mais puto ainda,porque eh um habito da roca que eu detesto,mas tenho que acompanha-lo,pra fazer o trabalho.Meu tio eh boa praca,mas na fazenda ninguem discute uma ordem sua.Porra,perdi a paquera,tou morto de sono,vou trabalhar o dia todo com um piquira de merda,e ainda por cima tenho de tomar cafeh acocorado!Para completar a melodia,Miguelzinho inventa de levar as cabras pro pasto da divisa norte,do outro lado da fazenda!Reclamo,mas ele insiste.Eh longe pra burro!As cabras est�o inquietas,berrando muito.Avisto Rex,o cachorro do meu tio,um viralata peludo grande e preto,pastor de m�o cheia,que meu tio n�o levou porque toda vez que ele encontra o cachorro do vizinho,quer mata-lo,e n�o tem cachorro da vizinhanca que possa com ele!Digo a Miguelzinho pra pegar o Rex com a gente,mas ele enrola e n�o deixa.Fico ainda mais puto!Tou todo lanhado da macambira,de correr atras das cabras! Ateh que enfim,chegamos ao pasto.Agora entendo porque Miguelzinho queria levar as cabras pra divisa da fazenda,e n�o queria o Rex junto.Tem uma garota de uns dez anos na cerca,do outro lado,com as cabras do pai dela,e um cachorro.Miguelzinho se faz de desentendido,mas a garota nem me veh,e da-lhe um beijo de cinema!A matutinha eh despachada!Miguelzinho,acanhado,me apresenta,e a garota,que soh me viu agora,fica toda acanhada.Meu emputecimento aumenta.Pra completar,vou ter de trabalhar sozinho com as cabras,enquanto o sacaninha bolina a matuta!Agora,eu entendo Sa Nana! De repente,chega uma outra menina,duns doze anos.Eh magra e alta,mas tem um rosto bonito.Miguelzinho pede a ela que junte as cabras com as nossas,e me ajude,porque ele quer conversar com a irm� dela.Eh um trecho de arame farpado,e n�o de cerca viva.Miguelzinho levanta o arame,e os tres tangem as cabras pro nosso lado.Quando a menina passa,o vestido rodado sobe,e vejo sua calcinha.Flavia eh despachada,n�o tem a timidez das matutinhas,e logo estamos conversando de tudo e todos.Ela me diz pra nos afastarmos,porque Miguelzinho e a irm� v�o conversar.Me faco de desentendido,e pergunto em que nossa presenca vai atrapalhar a conversa deles dois.Ela fica vermelha,mas diz que n�o eh a mesma conversa da gente. Pra sacanea-la,digo:Ah,eles v�o sarrar!Ou v�o trepar? Ela se arreta,e responde zangada:Zuzu n�o eh mulher dama!O bode dela entra no mato,e ela corre atras.Vou atras pra ajudar,porque se o miseravel entrar no espinhal,estamos fritos!O pai de chiqueiro esta afim de uma das cabras de meu tio,e como a cabra n�o o quer,sai correndo pelo pasto.O bode vai atras,mais ligeiro que Fittipaldi!Ainda bem que voltaram pra campo aberto.Corremos os quatro,a cabra,o bode,Flavia,e eu.De repente,ela tropeca e cai,e eu, no embalo,caio por cima dela.Percebo que ela n�o se machucou,e nos dois percebemos que o bode conseguiu o que que queria.Meu pau sobe,e ela fica vermelha novamente.Beijo sua boca,esfrego os peitinhos,levanto o vestidinho,abro a braguilha,e fico rocando o cacete nas coxas e na xaninha dela,ate que gozamos os dois.De repente,o cachorro late,na divisa. Ficamos os quatro paralisados.Eh Mestre Duda de Napu,vizinho da outra fazenda,amigo de meu tio e dos pais delas,que viera entregar queijo e nos dah o flagra.Eleh nos dah uma bronca,nos manda juntar os animais,e cada um voltar pra casa.
Miguelzinho me diz:Porra,Lula,estamos lascados com pai,se Mestre Duda falar!