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EU SINTO O CORA��O BATER MAIS FORTE

Essa est�ria n�o � minha, aconteceu com um amigo meu j� faz muito tempo. Ele � engra�ado e gostava de contar a est�ria para provar como era idiota, pois dizia sempre que faria tudo da mesma forma se tivesse nova oportunidade. Como j� faz tempo, acho que as pessoas n�o se lembram mais, pois na �p�ca a est�ria at� circulou pela cena.

Ele tinha 22 anos, estava no �ltimo ano de faculdade sem saber bem o que iria fazer davida quando se formasse e, para espairecer, ia com frequ�ncia ao centro de S Paulo atr�s de companhia para extravazar suas necessidades b�sicas.

Ele sempre andava pelos lugares quando tinha menos gente, porque dizia que a ca�a dif�cil era o que mais lhe empolgava e pelo que conta daquela �poca, era um ex�mio ca�ador.

Numa ter�a feira de inverno, num pouco movimentado ponto gay de S�o Paulo que n�o existe mais, ele viu um garoro que era o ideal de beleza dele: alto, cabelo encaracolado, magro, ossos grandes, peito grande, mas sem as marcas de academia, uma pinta preta perto do l�bio como a MARILYM MONROE e desesperadores e lindos olhos verdes (depois ele soube que eram lentes de contato, mas a imagem inicial n�o lhe sai da mem�ria), vestido com camisa de gola rul� azul, que meu amigo sempre diz que a mais sexy para ele, estando ou n�o na moda, jeans de grife, sapatos e cinta pretos. Uma apari��o de um deus para o ideal de beleza de meu amigo.

Depois de troca de olhares entre os dois, tinha pouca gente mesmo, ele vai at� o garoto, pega na m�o dele e come�a a beij�-lo. Ficam assim uns 19 minutos. Meu amigo diz que ele n�o beijava bem, mas era t�o lindo que s� v�-lo j� era o suficiente.

O garoto diz-se chamar OSCAR (nome fict�cio) ter 19 anos e trabalhar como vendedor numa loja no shopping Iguatemi.

O que voc� faz com uma beldade dessas? Leva para um motel melhorzinho e tem uma bela noite de amor com o seu idela de beleza. O que meu amigo fez: pegou o cara e levou para casa, cobriu-o de beijos e levou-o para cama. Ele mesmo disse que foi muito rom�ntico e pouco pr�tico, mas o que se faz com um deus da beleza? Ele fez isso e n�o se arrepende.

O pior foi quando chegaram a cama e OSCAR disse que era virgem, nunca tinha dado para ningu�m. Esse � dos pontos altos da idiotice dele: ele n�o comeu o cara, diz que ficou sem a��o, s� fez uma brincadeirinha, deu seu telefone e despediram-se como dois namorados que s� deram uma amasso.

Nunca pensou que seu deus de beleza fosse telefonar, mas ele telefonou dois dias depois e marcaram de se ver no final daquela tarde. Ele diz que o programa foi fam�lia, ficaram vendo televis�o, um jogo da sele��o brasileira de volei num torneiro n�o sei aonde e como tinha um compromisso mais para o final da noite meu amigo dispensou o cara, marcando novo encontro pra a semana seguinte.

Nesse dia recebeu uma vizita que se extendeu para muito mais do que a hora que esperava que ela sa�sse. De qualquer forma achava que esse iria ser seu �ltimo encontro, pois n�o tinha coragem de ir mais longe com OSCAR. Tinha at� comprado um presente de despedida. Isso mesmo: iria despachar o cara mais lindo que conheceu, que era virgem e estava a fim de dar para ele.

Como OSCAR apareceu na hora marcada e a visita n�o tinha sa�do, meu amigo avisou o porteiro do pr�dio para n�o deixar subir OSCAR.

Depois que a visita saiu, OSCAR telefonou com uma voz submissa perguntado se ainda podia ir. Esse foi o desastre para meu amigo: ap�s a cachorrada que fez, seu ideal de beleza ainda o queria. Se cora��o fora partido, ficou completamente fissurado no garoto.

Dessa vez foram ao cinema de um shopping, conversaram um pouco e meu amigo pediu o telefone de OSCAR para que pudesse telefonar para ele. De fato, uns dois dias depois telefonou, mas ningu�m conhecia OSCAR nesse n�mero. Tentou todas as combina��es poss�veis e nada. Telefonou tamb�m para a loja do shopping em que OSCAR dise que trabalharia e l� disseram que ningu�m com esse nome trabalhava l�.

Momento desesperador para meu amigo que, com a melhor roupa esporte que tinha e um pullover ingl�s de grife (era inverno) voltou ao velho poit gay na esperan�a de encontrar OSAR l�. E n�o � que encontrou? Tamb�m encontrou a turma de amigos de OSCAR e no meio deles abordou OSCAR, levou-o para um canto e come�ou a sess�o de beijos e amassos seguidos da ida dos dois para a casa de meu amigo.

Ainda pediu desculpas pela cachorrada da �ltima vez, mas nada al�m dos amassos. Nesse dia OSCAR disse relamente que n�o tinha dado seu telefone, mas meu amigo achou que era porque ele tinha feito a cachorrada de n�o deix�-lo subir no outro dia e resolveu continuar apenas com a sess�o de amassos. Ele mesmo conta que uma das pessoas que ouviu a est�ria perguntou se n�o seria o caso de pedir a m�o de OSCAR ao pai dele em namoro e meu amigo disse que respondeu que n�o seria m�-id�ia, sempre gargalhava como se fosse brancadeira, mas eu acho que ele considerava isso uma boa id�ia.

Enfim, esse vai n�o vai continuou por mais dois meses e por duas noites OSCAR ainda dormiu na casa de meu amigo, mas nada aconteceu al�m das brincadeiras. Se voc� meu leitor n�o acredita, eu tamb�m n�o.

Meu amigo diz sempre que sua contribui��o para a educa��o sexual de OSCAR foram os beijos de OSCAR que com treinamento intensivo que deu ficaram bem melhores.

No final desses dois meses de devo��o ao namoro, meu amigo pensou que tinha ganho a confian�a de OSCAR e pediu de novo o n�mero do telefone para OSCAR e ele deu o mesmo n�mero errado.

Meu amigo ainda acha �timo que n�o tenha esmiu�ado a agenda e carteira de OSCAR nas vezes em que OSCAR tomou banho no apartamento dele buscando o telefone correto de OSCAR. Disse que isso seria quebrar a confian�a e que ele n�o queria fazer isso. T�o rom�ntico e idiota. Mas meu amigo sempre dizia que ele n�o teria coragem de quebar a confian�a de OSCAR.

Como da primeira vez que meu amigo pediu o telefone, OSCAR sumiu e meu amigo foi ao point gay do primeiro encontro aonde OSCAR mais uma vez estava com uma turma de amigos.

Desa vez OSCAR n�o quis conversa, mas meu amigo sentimental disse para ele que WORDSWORTH, poeta ingl�s tinha escrito: SINTO O CORA��O BATER MAIS FORTE QUANDO O ARCO-�RIS POSSO VER e que por tr�s meses OSCAR foi seu arco-�ris e que agradecia disso ter acontecido. Isso com plat�ia e tudo. Uma idiotice completa, ele mesma acha, mas n�o teria feito diferente.

Num daqueles dias de desespero ap�s a perda de OSCAR, viu um dos amigos de OSCAR e ficou com ele uma hora contando a est�ria toda. O que o desespero faz: outra se��o de idiotice pura, mas ele disse que tinha de falar, contar sua devo��o àquele mentiroso. Disse que sentiu-se melhor depois disso.

Tr�s vezes depois disso OSCAR e meu amigo encontraram-se em S�o Paulo. Da primeira vez, meu amigo ficou ressabiado, pois n�o entendeu porque OSCAR tinha ido procur�-lo e s� convidou-o para jantar. Depois disso, num encontro casual num point gay do centro de S�o Paulo ele com sua turma e meu amigo solit�rio tiveram primeiro uma sess�o de amassos e depois meu amigo fez a coisa certa LEVOU-O PARA O MOTEL. Finalmente e s� por duas horas seu deus de beleza foi seu. Nunca entrou em detalhes, talvez em respeito ao recato dque achava dever a OSCAR, mas disse que a experi�ncia de OSCAR era enorme e foi �timo.

Da �ltima vez, e isso foi em 99, OSCAR telefonou pra meu amigo que n�o estava muito a fim de conversa, mas pediu o n�mero de telefone de OSCAR. Esse deu um n�mero e s� meses depois meu amigo telefonou para OSCAR e o n�mero estava certo. Sa�ram uma vez de noite PARA UM MOTEL, ufa, mais uma vez fez a coisa certa e depois nunca mais. Meu amigo disse que esse dar o n�mero do telefone por parte de OSCAR foi o reconhecimento de que finalmente ele teve confian�a nele e que isso bastou para ele. Acho que entendeu ter virado a p�gina ap�s esse encontro.

Gosto de ler e at� enendo um pouco do sentimento do meu anigo, pois afinal como BRETON escreveu, A BELEZA SERÁ CONVULSIVANTE OU N�O SERÁ BELEZA.

Meu amigo sempe diz que um dos pontos altos de sua vida sentimental foi quando tocou a m�o de OSCAR pela primeira vez.

Aqui fico, mas se meu leitor que me acompanha at� agora j� ouviu parte dessa est�ria como lenda ou piada, pode ter certeza de que ocorreu.

Meu amigo j� faz anos que n�o conta mais essa est�ria, mas tem outras de idiotice t�o grande quando essa que costuma contar, mas de uma maneira geral pelo menos vai at� o fim com o cara na cama e nenhuma tem declara��o de amor no final.







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