O mar, o sal, tudo era novo. Era novo o sentimento, eu estava finalmente me entregando, assumindo para mim mesmo o homem que eu era. Por um momento me esqueci de tudo que tinha passado, das d�vidas, da dor, dos incont�veis erros que cometi pelo caminho. Os incont�veis erros que cometi at� aquela tarde chuvosa de janeiro, onde meus m�sculos tremiam encima do corpo dele, onde eu podia ser eu mesmo enfim, deixar tudo para tr�s...
Mas minha hist�ria come�a anos antes. Me consola o fato de n�o ser o primeiro, e nem �ltimo, a passar por isso. Meu nome � Victor, tinha 19 anos na �poca em que tudo aconteceu. Na verdade, no fundo eu sempre soube que havia algo diferente comigo. No come�o foi f�cil ignorar: eu sou moreno, tenho os olhos castanho-claros e sou alto, o que fez com que muitas garotas se interessassem por mim na adolesc�ncia. Depois dos primeiros beijos e, em seguida, das primeiras transas, eu nem me lembrei, por algum tempo, que tinha desejos que eu julgava proibidos.
Moro numa cidade m�dia, no interior de Minas Gerais, com meus pais e minha irm� mais velha. Fui atormentado diversas vezes pelo pensamento em que minha fam�lia descobria meu segredo, em que eu perdia todos os meus amigos. Mas essa hist�ria n�o � triste, ao contr�rio do que possa parecer. Ocorre que no espa�o entre eu me descobrir e me aceitar, errei muito. S�o erros dos quais eu n�o me arrependo, ali�s, nem sei se s�o erros de verdade. Ap�s passar anos me enganando, tive uma fase em que tentei quase tudo, em busca de algo... Essa � a hist�ria da minha busca...
Eu namorava a Camilla h� oito meses. Nesse tempo, nossa rela��o ficou profundamente �ntima. Eu realmente gostava de estar com ela, seja num simples passeio ou mesmo na cama. Eu tinha 19 anos e, por incr�vel que possa parecer hoje, eu era o que tinha vida sexual mais ativa entre meus amigos. Contudo, n�o conseguia parar de me culpar, pois sentia que a estava enganando minha garota, um vez que, mesmo me satisfazendo com ela, sempre acabava me imaginando com outros caras. Falar agora � f�cil, mas na �poca, eu achava que era o fim do mundo, que n�o podia ser assim...
Pois bem, antes do meu namoro acabar, e assim a hist�ria come�ar de verdade, vou contar algo que aconteceu no final de um dos meus treinos de nata��o. Eu nado desde os 7 anos, j� participei de campeonatos at� em n�vel estadual. Agora, imagine-se com minha idade, tendo d�vidas quanto à sua sexualidade, em um vesti�rio de um clube ap�s a aula de nata��o, onde todos, obrigatoriamente, ficar�o pelados...
Naquele dia o Fernando, meu grande amigo, um ano mais velho, continuou na piscina ap�s o treino. Quando me dirigia ao vesti�rio, alguns amigos perguntaram se eu n�o queria jogar bola. Estava realmente muito cansado, mas como era sexta-feira, resolvi aceitar. S� aguentei uns vinte minutos e fui para o chuveiro. Saindo, fui para uma �rea mais reservada do vesti�rio, estava sozinho.
Ouvi algu�m entrando, vi pelo espelho que era o Fernando. Contra minha consci�ncia, resolvi n�o anunciar que eu estava ali, uma vez que, apesar de estar escondido por uma parede, podia ver perfeitamente meu amigo trocando de roupa do outro lado do vesti�rio atrav�s de diversos espelhos. At� hoje me pergunto a raz�o para Fernando fazer aquilo num banheiro onde podiam entrar tantas pessoas: ele, que n�o gostava de nadar de sunga, come�ou a se acariciar por cima do short. Fernando � branco, tem um �timo f�sico, � um pouco menor que eu e usa o cabelo arrepiado.
Quando j� estava ereto, ele come�ou a urinar com o short mesmo, enquanto apertava o pau. Era estranho, n�o entendi direito que tara era aquela, mas eu gostava. Estava debaixo do chuveiro, e o ligou. Tremi me perguntando se ele podia me ver dali. Se viu, nunca soube. O que eu sei � que ele se virou e come�ou a se masturbar, era o que parecia, pelos movimento dos bra�os. Eu tamb�m estava excitado. Como era dif�cil assumir isso...
Quando ele se virou, pude ver todo o seu corpo, agora sem o short. Eu j� conhecia seu abdome definido, suas costas largas e pernas fortes, eu j� o tinha visto nu, mas n�o daquele jeito, n�o “a ponto de bala”, se masturbando apresado, e sempre olhando para a porta. Muito mais r�pido do que eu esperava, ele estava gozando. Virou-se de costas para continuar a se lavar. Reparei nas pernas novamente. Senti um desejo forte. Eu o queria dominar, mas n�o como se domina uma mulher: eu queria algo realmente diferente, eu queria o calor de outro homem como eu.
N�o! N�o n�o nos tocamos naquele dia. Minha hist�ria n�o � com o Fernando. Seria f�cil pra mim fantasiar um sexo animal no vesti�rio, correndo o risco de algu�m chegar. Mas as coisas n�o acontecem assim, pelo menos n�o comigo. Ao terminar o banho, meu amigo veio at� onde eu estava, enquanto eu fingia escrever no celular. Se mostrou meio incomodado ao me ver, mas como me esforcei para agir naturalmente, falamos de coisas comuns e ele ficou mais tranquilo.
Dormir pensando naquilo n�o foi f�cil. Diversas varia��es da vis�o de Fernando passavam em minha cabe�a. Seu corpo bem definido, suas coxas grossas junto às minhas... Acorda! Mensagem da Camilla no celular. Ela queria falar comigo. Disse que estaria sozinha em casa, com sempre acontecia quando sua m�e ia visitar seus av�s, e que eu fosse para l� anoite.
Normalmente eu estaria muito mal intencionado, mas naquele final de semana, me decidi a terminar com ela. Ela sempre foi muito legal comigo, inclusive foi ela quem me pediu em namoro, estanho, n�o acha? N�o podia continuar enganando aquela garota, precisava de um tempo para entender as coisas que se passavam comigo...