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AMOR NO VERANEIO



Eu sou um desses homens casados que amam a esposa e os filhos, mas que t�m um segredo que nem a esposa nem os filhos nem ningu�m conhece. Esse segredo � o seguinte: de vez em quando, n�o frequentemente, mas vez por outra, eu traio minha mulher, e n�o com outras mulheres, mas com homens. Com homens fortes, que completem um lado feminino que nasceu comigo. Como � que tudo isso come�ou? Muito cedo, na puberdade, quando descobri o prazer n�o na regi�o do corpo onde os outros meninos o descobriam, mas entre as coxas, entre as n�degas. Aprendi a me esconder no banheiro ou me trancar no quarto, e estimular esse prazer com velas e com cenouras roubadas da cozinha. At� hoje eu associo o perfume de brilhantina de cabelo às sess�es solit�rias no banheiro, em que eu usava esse cosm�tico para lubrificar meus consolos improvisados. N�o demorei a concluir que aqueles objetos eram consolos provis�rios, e que o prazer que eu realmente procurava s� iria encontrar em pessoas de carne e osso, naquilo que os colegas mais velhos exibiam balan�ando entre as pernas quando se despiam no vesti�rio. Comecei a pensar nesses colegas, me imaginando nos bra�os ora do ponta-direita do time de futebol da escola, que eu ia admirar jogando, suado, ora do valent�o do secund�rio que aterrorizava os calouros no recreio, e cuja agressividade me fascinava. Eu admirava neles as musculaturas modeladas, os pelos, a for�a f�sica, enfim, a testosterona libertada pela adolesc�ncia.



Depois me interessei pelas meninas, tive namoradas, mas aquele outro lado secreto sobreviveu: eu era capaz, mesmo na companhia de uma namorada, de sentir o cora��o bater mais depressa ao ver na praia um corpo masculino musculoso ou o volume do sexo num cal��o molhado. Essa precocidade - aos onze, doze anos eu me consolava com cenouras cada vez mais grossas, aos treze fantasiava cenas rom�nticas com colegas mais velhos, aos quatorze punha a calcinha da minha irm� para me olhar no espelho - me preparou muito cedo para o amor proibido. Muito cedo tamb�m percebi que teria de esconder aquela inclina��o. Eu via como eram apontados e criticados aqueles da minha idade, ou mais velhos, que ousavam expor sua prefer�ncia por pessoas do mesmo sexo. E minha fam�lia, conservadora e imbu�da de valores religiosos, jamais aceitaria ter um fresco em casa. Mas secretamente eu queria aquilo e, embora reprimindo esse desejo, n�o conseguia evitar que ele transparecesse no meu modo de ser, na minha timidez sens�vel, nos meus gestos, nos meus olhares. E todas essas mensagens sem palavras eram captadas por outros homens, que, por elas atra�dos, tentavam aproximar-se de mim. Isso era agravado pela minha apar�ncia f�sica: eu era um adolescente muito bonito. Meu rosto completamente imberbe tinha linhas regulares, quase femininas, minha pele, muito lisa, quase n�o tinha pelos, somente uma penugem alourada nas pernas, minhas formas, curvil�neas, se estreitavam na cintura e se alargavam nos quadris, onde as n�degas redondas, bem feitas, apoiadas num par de coxas de mo�a, eram um convite à car�cia. Ouvi nesse tempo algumas propostas, algumas declara��es de amor feitas em voz baixa, discretamente, at� mesmo de homens mais velhos, um deles pai de um colega de col�gio. Assustado, eu fugia de todos, desconversava, me fazia de desentendido.



Aos quinze anos, crescido, a cabe�a cheia de fantasias, eu estava, sem saber, à espera do meu pr�ncipe encantado. E ele chegou, como acontece tanto nos contos de fada como na vida real. Vou tentar resumir como tudo aconteceu. Minha fam�lia ia todos os anos passar as f�rias numa cidadezinha litor�nea de pescadores que se transformara, ao longo dos anos, em local de veraneio. Ali as fam�lias tinham sua casas de praia cercadas de coqueiros. Cada ano se formavam os grupos de meninos e meninas de v�rias idades, rapazes e mo�as, al�m dos mais velhos que se reuniam para conversar e beber. Entre os meus conhecidos, um grupo de rapazes se reunia na pracinha e era conhecido como a turma da pracinha. Um pouco mais velhos que eu, os membros desse grupo pertenciam àquela categoria de rapazes por quem, à dist�ncia, eu eu sentia um misto de admira��o e medo. Quase todos frequentavam na cidade as academias de gin�stica e competiam entre si para ver quem levantava os halteres mais pesados, fazia o maior n�mero de abdominais ou exibia os biceps mais perfeitos. Eu me sentia exclu�do por eles, talvez mesmo desprezado. Mas ao mesmo tempo alguns, quando isolados do grupo, me lan�avam olhares, e dois deles em situa��es diferentes aproximaram-se para me propor nos encontrarmos para conversar. O interessante desas conversas propostas � que elas nunca seriam nos bares que todo mundo frequentava, e sim em lugares discretos, onde eu estaria sozinho com um deles. Esse ass�dio come�ou quando eu ainda tinha doze, treze anos, e nunca encontrei maneira de encerr�-lo. Hoje, olhando para tràs, eu entendo porque. Em parte eu era demasiado t�mido para dizer um n�o que me poria em confronto com um homem mais velho (todos os meus admiradores eram mais velhos, em graus vari�veis). Mas em parte tamb�m porque, talvez sem ter consci�ncia disso, eu queria ser procurado, queria ter a comprova��o de que outros homens se sentiam atra�dos por mim. Eu sentia que tinha esse poder quando, em casa, me olhava despido no espelho, e ali no veraneio tinha a confirma��o.



�talo era o l�der da turma da pracinha. Diferentemente dos demais, ele era de poucas palavras, muito seguro de si e muito m�sculo, parecendo ter mais que os dezessete anos que tinha. Era o mais bonito de todos - pelo menos aos meus olhos - e tinha aquela qualidade dif�cil de definir que chamamos carisma. Isso lhe dava uma ascend�ncia natural sobre os amigos e o fazia o �dolo de muitas mo�as do veraneio. Nas f�rias do ano anterior ele tinha tentado se aproximar de mim. No tempo em que aconteceram essas coisas que estou contando, as mo�as n�o tinham a liberdade sexual que t�m hoje, e os rapazes, cheios dos horm�nios da adolesc�ncia, muitas vezes canalizavam seu interesse para outros rapazes de sexualidade ainda indefinida - como eu - ou para os frescos declarados. Era mais vi�vel, mais f�cil ter uma rela��o f�sica de verdade com um desses rapazes, ou com um fresco, do que com uma menina. Quando �talo me procurou uma primeira vez, eu, como de costume, fui evasivo e nem chegamos a conversar. No ano seguinte ele veio me falar, mas para fazer um convite: tinham organizado um time de futebol e queriam que eu ajudasse como respons�vel pelo equipamento e rouparia. Foi assim que, no dia seguinte, eu estava no pequeno clube local, deposit�rio da chave do vesti�rio, carregando a bola e duas enormes sacolas cheias de cal��es e camisetas. N�o tenho d�vida de que �talo fez aquilo de caso pensado: logo eu estava num vesti�rio, rodeado de corpos nus, entregando cal��es e camisetas, vendo rapazes morenos e louros arrumarem os sexos em suportes atl�ticos. Depois acompanhei a partida no campo, torci pelo nosso time, admirei �talo fazer um gol, segui-o com os olhos o tempo todo, embevecido. Depois de terminada a partida, foi a vez de recolher os cal��es e camisetas suados e mais uma vez me deleitar com a vis�o dos corpos nus. Ao guardar tudo nas sacolas, separei o uniforme de �talo e, quando me vi sozinho no vesti�rio, masturbei-me aspirando o cheiro forte da sunga interna do cal��o. Essa experi�ncia de roupeiro do time me transformou. O futebol terminou sendo o cupido entre �talo e eu...



De noite encontrei �talo na pracinha e ele quis saber se eu tinha gostado do jogo e da minha nova fun��o. Eu respondi sem hesitar que sim, falei que tinha torcido, que ele tinha sido o melhor jogador em campo e que eu tinha vibrado quando ele fez o gol. Ele riu e disse brincando que aquele gol tinha sido dedicado a mim. Meu cora��o bateu forte quando escutei-o dizer aquilo. Foi uma primeira troca disfar�ada de declara��es de amor. Nessa mesma noite, a convite dele, caminhamos os dois pela praia, at� chegar ao ponto em que terminavam as casas e come�ava um longo coqueiral que quase encostava na areia. Nesse ponto ele tomou minha m�o e continuamos a andar de m�os dadas. Foram momentos m�gicos, que nunca esquecerei. Aquela m�o segurando a minha transmitia seguran�a e eu senti uma enorme ternura por ele. Um sentimento diferente, que eu nunca tinha experimentado por ningu�m. Sentamos na areia, conversando, e ele cobrou, em tom de brincadeira que eu o tinha evitado nas f�rias do ano anterior. Eu expliquei que tinha amadurecido desde ent�o e que agora me sentia mais seguro. Ele arrumou meus cabelos de uma maneira carinhosa e perguntou se antes eu tinha medo dele. Respondi que n�o, mas que tinha medo de fazer certas coisas que eram proibidas. Ele perguntou se eu ainda tinha medo de fazer essas coisas proibidas, e eu disse que tinha menos, mas ainda tinha. Ele me deu um tapinha no rosto e disse: - Vamos acabar com esse medo? Rimos, e ele ficando s�rio falou, com uma m�o no meu rosto: - Vamos? Eu o olhei nos olhos e respondi: - Vamos. Como eu precisava voltar mais cedo para casa, nessa noite n�o passamos de car�cias, mas combinamos que nos encontrar�amos no dia seguinte. �talo tinha conseguido a chave da casa de um tio num condom�nio, e l� poder�amos estar juntos, longe de olhos e ouvidos curiosos.



Nosso encontro foi de manh�, quando ainda muita gente nem tinha descido para a praia. Entrei no condom�nio sem ser questionado pelo porteiro e procurei o n�mero da casa. A porta estava encostada, como combinado, e �talo me esperava dentro. Foi o meu primeiro encontro com um homem, encontro combinado e cumprido, e ali estava eu. A emo��o quase n�o cabia em mim. Ele foi perfeito do come�ou ao fim, carinhoso e viril, delicado e firme ao mesmo tempo. Primeiro ficamos um pouco na sala, conversando, ele procurando quebrar o gelo e me acalmar. Fomos para o quarto onde havia apenas uma cama com o colch�o descoberto e uma cadeira, e sobre a cadeira um rolo de papel higi�nico. Quando nos despimos fiquei envergonhado de mostrar o pinto pequeno, como daquelas est�tuas gregas, em contraste com o p�nis dele, grande, a glande coberta pela pele do prep�cio, dependurado junto com o saco tamb�m volumoso e avermelhado. Foi com a m�o tr�mula que pela primeira vez empunhei o p�nis de um homem e apalpei seus test�culos. E foi um deslumbramento sentir o p�nis endurecer na minha m�o e empinar. � uma sensa��o muito especial voc� sentir que aquela ere��o � para voc�. Voc� se sente amado. Ajoelhei-me na frente dele e cobri o sexo de beijos, apertando o p�nis e os test�culos contra os l�bios, esfregando o rosto nos pentelhos. Que emo��o nova foi sentir aquele turbilh�o de cheiros fortes, o bodum da virilha, a glande pegajosa contra os l�bios! Finalmente eu estava ali realizando o meu sonho, numa intimidade completa com um homem. Quando pus a glande na boca, e suguei-a delicadamente, senti o gosto meio �cido, meio salgado, como era bom!



Quando chegou a hora da penetra��o, �talo mostrou como um rapaz de dezessete anos podia ser sexualmente maduro. Ouviu com aten��o as pondera��es temerosas do amigo mais novo que nunca tinha vivido aquela experi�ncia e que temia n�o ser fisicamente capaz de realiz�-la. Tranquilizou, recomendou relaxar, prometeu que nada seria feito à for�a. E assim foi. Para mim, aqueles momentos foram uma montanha russa de surpresas. A primeira foi que a saliva podia ser um �timo lubrificante para aquela forma de amor. Ele me orientou sobre a melhor posi��o, e come�amos a tentar a penetra��o. Ele dava estocadas curtas, r�pidas, e empurrava um pouco at� que eu pedisse para parar. Esperava um pouco e recome�ava. Isso durou algum tempo, e foram v�rias as investidas. De repente, por�m, quando ele empurrou com firmeza, eu senti, assustado, que a glande tinha passado pelos esf�ncteres. Ele perguntou se tinha entrado, fiz que sim com a cabe�a, e ele empurrou devagar. Entrei num estado de quase p�nico ao sentir que o p�nis tinha entrado, que eu estava dando o cu. Fiquei ofegante, tr�mulo, a pele coberta de suor. Ele deitou por cima de mim, derreado para um lado, e esperou que eu me acalmasse. S� depois de algum tempo pude relaxar e afastar as pernas para que ele ficasse entre elas, numa posi��o confort�vel para os dois. Tateei-me entre as coxas e levei um susto ao constatar o grau de arrega�amento do meu �nus e o calibre impressionante do p�nis nele enfiado. A sensa��o de dilata��o era um prazer no limite da dor, e o volume do p�nis grosso l� dentro, encostado nas paredes do reto, era um prazer novo e desconhecido. Esta foi a segunda surpresa: sim, eu era capaz de ter uma rela��o f�sica com um homem adulto. A terceira veio em seguida, quando �talo apoiou-se nos cotovelos e come�ou a mexer a verga para dentro e para fora: depois de alguns vaiv�ns, minhas mucosas se tornaram escorregadias, como que cederam. Ele pode ent�o come�ar aquele movimento que eu ouvira descrever tantas vezes. E ali estava eu, na cama de uma casa de condom�nio, sendo montado pelo garanh�o do veraneio. Aprendi a levantar os quadris, a me oferecer na posi��o certa, aprendi a me firmar no colch�o com os joelhos e cotovelos para ser estocado, e aprendi sobretudo que naquela situa��o quem manda � quem cavalga.



A ere��o de �talo era dessas de longa dura��o, de modo que naquela tarde eu levei aquilo que em linguajar mais pedestre se chama uma surra de pica. Durante os tr�s ou quatro dias seguintes fiquei de resguardo, dando tempo a que minhas mucosas e meus esf�ncteres se recuperassem da sova... Mas depois disso voltei à casa do condom�nio muitas vezes. Foram f�rias inesquec�veis, minha inicia��o em um mundo novo no qual, at� hoje, entro de vez em quando bate a saudade.



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