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A EDUCA��O DOS SENTIDOS - PARTE 1

A casa: mencionada assim, sem qualquer pretens�o, pode parecer um local comum, uma resid�ncia como qualquer outra e seria se n�o lhe atribu�ssem valor diverso. Erauma casa afastada, em um bairro que parecia sa�do de um cart�o postal qualquer.rnAli seria levado para a sua "educa��o" como costumava ser chamado o processo que sua Dona desenvolvia desde que o encoleirara. Sensibiliza��o? Quando insinuavam ser isso que fazia com sua pe�a, Ela ria abertamente, um olhar que denunciava um, porque n�o dizer, desprezo por aquela opini�o sem sentido. rnOlhos quase orientais emoldurados por uma pele clara, cabelos pretos que desciam em ondas at� o meio das costas e invariavelmente saltos altos que castigavam as carnes da Sua propriedade. A primeira tarefa j� fora cumprida ao longo de diversas semanas nas quais progressivamente quebrou o orgulho, os resqu�cios de arrog�ncia e uma superioridade que ainda carregava da sua ilus�o de poder.rnMais do que convenc�-lo da supremacia de sua pessoa e de seu g�nero, fez com que essa certeza lhe penetrasse o cora��o de forma indiscut�vel. Agora sim, o macho est�ril liberar sua ess�ncia de servidor, daquele que faria de tudo n�o apenas para satisfazer os desejos mas tam b�m para proteg�-la,honr�-la ritualisticamente e tamb�m, sim, oferecer seu corpo para que nele se realizasse o prazer Dela, exclusivamente.rnPara isso, indispens�vel era que soubesse sentir, n�o apenas o resultado das provas e das tarefas mas cada elemento que compunha a rica cena que construiam, sob o comando da Senhora mas com a participa��o indispens�vel dele.rnAssim ela exercitava a plena convic��o que se houvesse dom�nio e s� ali ele tinha a condi��o de exist�ncia, isso ocorria porque submetera aquele que se prostrava ante si. Redundante dizer que sentia-se como uma Deusa em um altar porque assim era e assim j� foi dito mas reafirmar essa verdade era quase que um gesto de esclarecimento.rnNo entanto, conv�m perguntar: o que deliciava aquela Deusa que fazia do que se chama profano, uma verdadeira religi�o? O que podem pensar � um lugar comum que Ela sabia e praticava mas algo mais a seduzia de forma indiscut�vel, o sentimento de que al�m de Deusa, poderia ser o �nico instrumento pelo qual sua pe�a conheceria o mundo e o interpretaria.rnaleph (assim chamava sua pe�a) era um homem inteligente e era por isso que o tomara para si. N�o suportaria algu�m que demonstrasse um falta completa de aptid�o para pensar por si, para n�o precisar ser mandado em cem por cento das coisas mas que pudesse, à partir do conhecimento da Dona, saber o que fazer, como se portar, como dirigir-se aos outros, como fazer-se compreender em suas demandas eventuais, como honrar a sua Dona...rnTarefas simples? Talvez para os mais experientes e para as mais versadas pe�as mas esta, sim, aleph, demandaria a educa��o dos sentidos para autonomiz�-lo no servi�o. Contradit�rio? Autonomia na submiss�o? N�o! - respondia a Dona - Melhor serve quem sabe como servir e bem servir .rnAqueles 7 dias em um m�s de ver�o n�o pertenceriam � ele, ali�s, nenhum dia mais pertenceria. Todos eram dedicados e seriam de servi�o à sua Senhora. Come�ava, pois, a despojar-se da velha "vestimenta" de sua vida para trajar outra, a da sua condi��o submissa.rnFora-lhe ordenado apresentar-se com o indispens�vel ao mundo para passar sete dias fora de sua habita��o. Quantos n�o admiravam aquela figura de formas belas e atraentes que apresentava-se ao lado dele invejando , talvez, os momentos imaginados de lux�ria e de posse que havia sempre dele sobre ela? Quantos desses, na verdade, imaginavam que a equa��o era a inversa e que Domina��o Feminina n�o era apenas um texto perdido nos arquivos da internet mas era algo que acontecia cotidianamente na vida de ambos? Poucos poderiam sequer imaginar, poucos poderiam prever que essa era a forma superior de relacionamento à que se dedicavam.rnNaquela manh�, apresentara-se rigorosamente na hora acordada e bom que assim fosse j� que a Dona n�o admitia atrasos de qualquer ordem. No entanto, o que lhe esperava, n�o podia prever.rn- Des�a! - ordenou secamente quando chegou ao local onde ela o esperava.rnN�o vacilou e imediatamente desceu da posi��o de motorista e cumpriu imediatamente a ordem de passar ao banco do passageiro.rn- Feche os olhos! - ordem seca que demandava imediato comprimento e assim foi. Aplicou-lhe dois tamp�es nos olhos de forma a n�o permitir que nenhuma luz lhes chegasse e vestiu-o de �culos escuros, como a um cego.rnPensara em vendar-lhe mas isso , nos dias atuais, poderia lhe causar problemas, tomado que fosse seu gesto por um ato de viol�ncia como um sequestro.rn- Senhora, para onde vamos? - ousou dirigir-lhe a palavra.rnUm tapa vindo do nada, ao menos para ele, marcou-lhe a face esquerda. Sabia que havia transgredido, sabia que n�o haveria perd�o e sabia que isso n�o seria esquecido mas n�o percebera que a sua reeduca��o come�ara.rnOs seus sentidos eram continuamente impressionados pelos barulhos da rua, pelo cheiro da fuma�a dos carros, pelo perfume da Dona, por seu sil�ncio, pelo ru�do do motor e assim foi por longos cinquenta minutos nos quais rodaram pelos caminhos que os ligavam at� a "Casa".rnMuitos minutos depois, quantos n�o sabia, chegaram:rn- aleph, chegamos.rnChegaram onde? N�o tardaria para que tivesse suas respostas. rn

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