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AMPLIANDO LIMITES - CAP�TULO 4

Leiam os cap�tulos anteiror do livro.



Depois de uma noite de tanto prazer � normal que qualquer homem se sinta nas nuvens durante o dia e era assim que Eduardo se sentia, mesmo com o corpo entorpecido pela falta de sono, o que s� causou algum problema no per�odo da tarde, pois o da manh�, quando a rotina em seu cargo de gerente exigia mais dele com decis�es a ser tomada a todo instante, n�o deu a ele sequer tempo de sentir algum cansa�o. Por�m, quando o movimento a presen�a de clientes j� estava rareando e o peso do almo�o fazia com que o cansa�o come�asse a dominar, uma sucess�o de acontecimentos fez com que ele se mantivesse com os sentidos bem agu�ados.

Primeiro veio a not�cia de que o Diretor Regional ao qual estava subordinado e que residia e trabalhava em Bel�m fora demitido. Logo a seguir, alguns telefonemas da matriz em S�o Paulo deixavam claro de que a Ag�ncia em que trabalhava n�o ficaria sem passar por uma auditoria, pois, pelo teor das perguntas, haviam neg�cios efetuados ali que estavam sob suspeita. Eduardo solicitou relat�rios e documentos e, em um breve exame, constatou que todos eles tinham sido aprovados pelo seu antecessor em conjunto com o diretor que estava sendo desligado. Seu al�vio, por�m, durou pouco, pois logo foi informado por sua secret�ria que havia uma liga��o para ele.

Voc� n�o me conhece! – Come�ou falando uma voz abafada e estranha, dando a entender que a pessoa que ligava estava fazendo algo para disfar�ar. Antes que Eduardo pudesse dizer que, se n�o conhecia, ent�o pra que o esfor�o em deixar a voz distorcida, o interlocutor continuou. – Tome muito cuidado com o que voc� vai fazer. Aquele seu amiguinho Marcos est� metendo a m�o no Banco e se voc� entregar ele, todo mundo vai ficar sabendo o que voc� e a mulherzinha dele andam fazendo enquanto ele viaja.

Mesmo antes que Eduardo pudesse assimilar a amea�a que acabara de receber, o telefone foi desligado.

Foi com uma enorme preocupa��o que ele foi para seu apartamento no final do expediente, onde fez um lanche, tomou um banho demorado e resolveu ficar em casa. Tentou assistir televis�o, o que foi in�til, j� que suas preocupa��es n�o deixavam que sua aten��o se fixasse em nada. O pior � que, qualquer coisa que imaginasse a respeito da estranha liga��o que recebera, o desfecho era sempre o mesmo, ou seja, ele ca�ra em uma armadilha armada contra ele. Restava saber, entretanto, de quem tinha sido a id�ia de envolv�-lo na trama. Eduardo n�o concebia a id�ia de que Marcos havia orientado a pr�pria esposa para lev�-lo para cama e assim poder mant�-lo envolvido em suas falcatruas.

Meu Deus! – exclamou ele para sua pr�pria imagem no espelho quando se enxugava ap�s o banho. – Ser� que algu�m tem a capacidade de fazer uma coisa destas?

Tentava ent�o, por todos os meios, encontrar outra explica��o para tudo o que estava acontecendo, mas a �ltima liga��o que recebera acabava com todas as suas d�vidas a respeito do envolvimento do marido de Marina. J� estava se retirando, quando o Gerente Administrativo, sempre o �ltimo a sair do Banco lhe alcan�ou no estacionamento para avisar que havia uma liga��o da matriz para ele. Tratava-se de certo Sr. Rossi que, sem maiores explica��es, lhe passou duas informa��es. A primeira � a de que o pr�prio Sr. Rossi estaria assumindo a diretoria regional de Bel�m e que, j� na segunda-feira estaria na cidade de Santar�m e a outra, a que realmente deixara-o preocupado, � a de que Marcos, ao regressar da cidade de onde estava prestando servi�os, deveria se manter afastado de toda e qualquer decis�o que envolvesse qualquer movimenta��o, empr�stimo ou at� mesmo investimento de clientes. Com mais de vinte anos trabalhando naquela empresa, Eduardo sabia que isso s� podia significar que Marcos estava envolvido at� o pesco�o.

E foi com todas essas preocupa��es que Eduardo, depois de desistir de se concentrar em qualquer programa da TV, tomou uma dose cavalar de analg�sicos e foi dormir, antes que o rel�gio marcasse vinte e uma horas, mas nem mesmo sob o efeito dos sedativos, conseguiu uma noite tranquila de sono. Em seus pesadelos, ora era acusado por Marcos de ter seduzido Marina que aparecia chorando e implorando ao marido que acreditasse que fora ela a seduzida e em outros seu futuro chefe, um homem conhecido em toda a empresa como dur�o e severo, o demitia por estar envolvido com a mulher do funcion�rio que provocara o desfalque.

Depois de acordar suado por diversas vezes, resolveu se levantar e, antes mesmo do dia clarear, j� estava em uma lanchonete que permanecia aberta durante as noites, tentando se alimentar, mesmo sem fome ou vontade. Quando consultou as horas em seu celular, pois nunca usava rel�gios, verificou que havia nada menos do que doze liga��es perdidas. N�o precisou nem consultar para saber que eram todas de Marina.

Se a noite foi ruim, a sexta-feira come�ou pior. Sem o diretor regional para aprovar empr�stimos e aplica��es a taxas especiais, viu alguns de seus clientes reclamarem e amea�arem transferirem sua conta para os concorrentes, e mal come�ara a trabalhar e recebera um aviso da matriz de que as opera��es estavam suspensas, o que o impedia at� mesmo de autorizar o saque sobre dep�sitos em cheques ainda n�o compensados, o que certamente iria enfurecer ainda mais os clientes que, em sua maioria, nada tinham a ver com os problemas.

Marina ligou por volta das onze horas para reclamar, em uma voz de sono e chorosa, que ele havia evitado se encontrar com ela, reclamando que nem mesmo a campainha da porta ele atendera, evidenciando que ela tinha tentado um encontro a todo custo, o que o deixou ainda mais desconfiado. Tentou se desvencilhar dela de uma forma educada, por�m, ela percebeu logo de in�cio e desligou demonstrando estar profundamente ofendida.

Foi um dia de c�o. Clientes reclamavam e at� faziam amea�as, agora piores do que simplesmente encerrarem a conta no banco ao verem seus pedidos de saques recusados. Eduardo sabia que a maioria deles teria problemas maiores do que o dele quando tivessem que comunicar aos seus funcion�rios que recebiam toda semana de que n�o veriam a cor do sal�rio daquela semana at�, pelo menos, a ter�a-feira, o que, em alguns casos, poderia provocar uma verdadeira revolta. N�o bastasse isso, os telefonemas vindos da matriz n�o cessavam, com alguns pedidos de informa��es at� descabido, como o de um auditor desejando saber se um empr�stimo de valor insignificante, feito a uma escola dirigida por religiosas, era ver�dico e, caso fosse, se n�o haveria algum envolvimento de Marcos com as freiras, o que Eduardo achou um absurdo.

Quando finalmente deixou a Ag�ncia banc�ria, Eduardo foi at� o Mascote tomar uma cerveja e tentar diminuir o estresse que sentia. Sentou-se a uma mesa voltada para o rio que nessa hora ia se tornando dourado com o sol a se por atr�s da mata que existia na margem oposta e tentava afastar todas as suas preocupa��es planejando o seu final de semana e pensando seriamente em aceitar o convite do Sr. Jos� Vicente da Silva, homem que constava na lista de seus dez maiores clientes e que vivia insistindo para que passasse um final de semana em sua fazenda, dizendo abertamente que l� ele encontraria muita cerveja gelada, churrasco bem feito e mulheres prontas para atend�-lo, numa demonstra��o de cortesia que ele, at� ent�o, evitara aceitar e que agora, diante da situa��o que se desenrolava diante dele, onde o nome do Sr. Vicente sequer fora mencionado em nenhuma das opera��es suspeitas, talvez fosse à hora de aceitar.

Imaginava-se nas �guas c�lidas do Rio Tapaj�s, cercado por mulheres, quando uma imagem tirou sua vis�o da bela paisagem que o por do sol exibia. Olhou para o rosto da mulher ali parada, j� sabendo de quem se tratava. Marina, usando um vestido branco bastante leve, com os cabelos longos ainda molhados, olhava para ele s�ria e aparentando uma tristeza de dar d�.

Puxa vida, que dispensada hem?

Eduardo olhou fixamente para a mulher, pensando se deveria abrir o jogo com ela ou fingir que estava tudo bem. Acontece que, para fingir que estava tudo bem, teria que arrumar uma desculpa para explicar seu sumi�o na noite anterior. Sem encontrar algo que satisfizesse, optou por se utilizar de uma parte da verdade, pois assim n�o estaria mentindo, apenas omitindo. Ent�o, fazendo um gesto par a que Marina se sentasse, come�ou:

Nossa... Eu ontem estava acabado. Deitei e dormir sem sentir e...

Pode guardar suas desculpas senhor Eduardo. – Falou Marina em um tom que revelava toda a sua m�goa e continuou: – Afinal de contas, eu acho que n�o sou uma mulher que se jogue fora.

Marina foi t�o veemente que Eduardo n�o pode deixar de levantar a cabe�a e fitou a mulher, s� ent�o percebendo que os olhos dela estavam vermelhos. Ficaram se fitando por um longo momento at� que ela cedeu, puxou a cadeira e acenou para o gar�om que imediatamente lhe trouxe um copo. Serviu-se de cerveja sem dar chance ao homem de ser gentil, sorveu mais da metade do copo em um �nico gole e depois o encarou novamente por um longo momento, para depois dizer:

Sou mesmo uma boba. Casada, e bem casada, diga-se de passagem, amo meu marido e fico aqui chorando s� porque um homem me evitou a noite toda.

N�o se trata disso Marina. Olhe, eu gostaria de poder te explicar tudo. Mas eu n�o posso. Tem muita coisa envolvida. – completou ele ao ver que ela apenas o olhava e n�o disse nada. Mas depois de ouvir essa �ltima frase, ela estalou a l�ngua demonstrando sua impaci�ncia e disparou:

Todo homem tem essa mania de colocar a culpa em problemas. Escuta aqui Eduardo, voc� por acaso vai resolver seu problema com seu pau?

Aquilo pegou Eduardo desprevenido e tudo o que ele conseguiu foi ficar olhando fixamente para a linda mulher que, ainda com express�o de f�ria e m�goa no rosto, o encarava fixamente. Percebendo que havia conquistado terreno na discuss�o, ela continuou:

Ent�o meu querido, se voc� n�o vai usar seu pau para resolver seus problemas de servi�o, ou sei l� de que, deixe que eu pelo menos cuide dele. Isso s� vai te ajudar a relaxar. – Marina dizia isso em um tom cada vez mais ofensivo, fazendo com que a conversa se tornasse cada vez mais dif�cil para ele. - E se voc� quer saber, eu estava disposto a te dar uma noite inesquec�vel. – Encerrou ela solidificando o terreno conquistado.

N�o, mas � que...

Tudo bem, n�o precisa ficar a� procurando por desculpas, eu n�o preciso de voc�, pois homem � tudo igual e posso ter aquele que eu quiser.

E antes que Eduardo pudesse dizer alguma coisa, ela se levantou e saiu caminhando entre as mesas, at� que, quase atingindo a sa�da, parou e se voltou para um homem que a olhava fixamente, aproximando-se do estranho e conversando com ele durante pouco tempo, logo se sentando com um sorriso nos l�bios. Marina ainda permaneceu na mesa por uns quinze minutos e depois se levantou e saiu, andando de forma provocativa em dire��o à sa�da que ficava do lado oposto de onde ele estava. Imediatamente ap�s a sa�da dela, o homem pediu a conta, pagou e saiu na mesma dire��o. Aquilo deixou Eduardo extremamente preocupado.

Horas mais tarde, de ter tentado dormir e desistido ao n�o conseguir parar de imaginar Marina nos bra�os do estranho, sentindo um peso inc�modo no est�mago, Eduardo acabou por sair de novo. Logo estava à beira da piscina do Hotel Tropical tomando cerveja, preferindo ficar sozinho, o que o obrigou a dispensar algumas ofertas companhias e desencorajar outras. Estava imaginando onde estaria Marina, e que poderia estar fazendo, e o que � pior, com quem, quando viu Marcos vindo em sua dire��o. Muito assustado em ver quem imaginava naquele exato momento, navegando em um barco de retorno a Santar�m, ficou fitando o homem, sem saber se era ele um amigo, um rival ou algu�m que estaria se atirara a pr�pria mulher em seus bra�os para envolv�-lo nas suas falcatruas. Procurou ent�o manter o rosto impass�vel enquanto o outro se aproximava dele com um sorriso no rosto.

E a� cara, tudo bem? O que anda fazendo de bom a� sozinho?

S� bebendo uma cerveja e apreciando o movimento. – Respondeu Eduardo ainda tentando manter uma express�o de desinteresse no rosto.

Ent�o vamos a ela. – Falou Marcos j� ocupando a cadeira que estava em frente de Eduardo.

A cabe�a de Eduardo era um turbilh�o, ficando ele a imaginar v�rias explica��es para a situa��o que vivia. Primeiro como Marcos j� estava ali, se naquela tarde ainda estava em Itaituba. Segundo, se ele estava ali, onde estaria Marina e como ele estaria encarando o fato dela estar, muito provavelmente, transando com outro e, por fim, como encarar o fato de que ele havia dormido com esposa daquele homem durante os tr�s primeiros dias da semana, s� n�o o fazendo depois, por causa de suas desconfian�as, Ali�s, lembrou-se ele, n�o fosse essas desconfian�as, nesse exato momento poderia ser ele a estar em companhia dela em vez do estranho. Mas Marcos p�s-se a falar sem parar e, por incr�vel que pare�a, foi dando algumas explica��es para as d�vidas que povoavam sua cabe�a.

Eu tive uma sorte danada hoje, quando o expediente j� ia se acabando, o Valter apareceu por l� e me ofereceu carona pra casa. Cheguei aqui antes das sete horas da noite.

Valter era um piloto de avi�o que estava sempre viajando para as fazendas e os garimpos remanescentes na regi�o.

A�, cheguei em casa e a Marina n�o estava. Ela chegou logo depois com uma cara emburrada. Eu ainda tentei agradar ela, mas como n�o resolveu, acabei saindo para espairecer um pouco.

Se ela chegara por volta das dezenove em casa, pensou Eduardo, ent�o n�o teria sa�do com o homem com quem falara, ou, pelo menos, aceitara no m�ximo um carona dele.

E parece que ela est� aborrecida contigo, cara! – Ao ouvir isso, Eduardo retesou todos os m�sculos do corpo, pois agora parecia que o problema se voltava contra ele. Mas Marcos, sem se dar conta disso, continuou: – Quando eu perguntei por voc� ela ficou ainda mais aborrecida e mandou que eu perguntasse ao padre.

Marcos soltou uma sonora gargalhada que foi acompanhada pelo riso for�ado de seu amigo. Permaneceram conversando, com Marcos parecendo querer sempre voltar ao estado de �nimo de Marina, o que Eduardo tentava evitar a todo custo. No final, derrotado, ele teve que ouvir o outro a falar da esposa e, quando esse come�ou a falar de suas confid�ncias, seu interesse finalmente se prendeu ao assunto. Ouviu ent�o uma hist�ria muito estranha que, n�o fosse o fato dela j� ter contado sobre a inicia��o sexual que tivera, ele acharia que o amigo estava inventando. As palavras de Marcos foram sendo assimiladas por Eduardo que, procurando prestar toda a aten��o do mundo, n�o interrompeu a narrativa do outro em nenhum momento. Marcos contou ent�o

Conheci Marina quando ela estava terminando o ensino fundamental. Eu tinha 19 anos e estudava a noite e, por esse motivo, fui trabalhar na lanchonete do col�gio que ela estudava, da qual minha m�e era a propriet�ria. Eu era ainda, apesar da idade, muito t�mido e minhas experi�ncias com mulheres eram quase nenhuma. J� havia transado com duas namoradinhas do tempo do col�gio e com algumas mulheres de programa que a mesada que meus pais me davam podia pagar. Agora, trabalhando para minha m�e, tinha um pequeno sal�rio e j� planejava gast�-los com as mulheres. Ela, por sua vez, carregava a fama de putinha do col�gio. Era comum ouvir dois ou mais garotos falarem abertamente o que j� tinham feito com ela, ou o que pretendiam fazer. Eu acreditava que falavam a verdade, pois as outras garotas tamb�m falavam dela e seu c�rculo de amizade era composto por aquelas que n�o gozavam de boa reputa��o. Era, por assim dizer, um grupinho da pesada.

J� estava h� mais de dois meses trabalhando ali quando ela notou que eu existia. Na verdade, eu j� estava desenvolvendo uma verdadeira fixa��o por ela. Quero dizer, desde o primeiro coment�rio que ouvi a respeito de seu comportamento, j� fiquei interessado. Acho que sempre tive uma queda por mulheres mais soltas e talvez isso explique os meus gostos com garotas de programas. Ent�o, o fato de saber que Marina era danadinha, aliado ao fato de que ela, j� naqueles dias era uma coisa linda de morrer, estava me deixando apaixonado. Ela tinha estatura normal, pernas esguias e uns peitinhos pequenos. O pior � que usava roupas curtas ou shorts apertad�ssimos, o que real�ava suas curvas.

E foi isso que talvez tenha chamado a aten��o dela para mim. Isso, aliado a minha timidez que fez com que, na primeira vez que fui atend�-la, derrubei todo o suco de laranja e virei o seu lanche sobre ela, manchando toda a sua blusa. Ela levantou o rosto para me ofender, mas algo a fez para e uma express�o estranha tomou conta de seu rosto, o que eu penso ter sido a vermelhid�o de meu rosto que queimava como se estivesse em chamas. Na verdade, como vim a descobrir mais tarde, ela se dera conta de minha timidez e isso despertou a aten��o dela que passou a frequentar a lanchonete, sempre dando um jeitinho de ser atendida por mim. Por�m, o que sempre ficava bem claro, � que a minha timidez a divertia. Pode parecer estranho, eu sendo mais velho que ela deixar que isso acontecesse, mas � a mais pura verdade.

Um dia, quando eu j� n�o conseguia sequer trabalhar direito, pois apenas conseguia ficar pensando nela, apareceu uma oportunidade. Aconteceu de minha m�e ter se atrapalhado em seus c�lculos e o p�o para fazer hot-dog acabar, tendo ela me pedido para ir at� uma padaria pr�xima comprar. Quando eu estava saindo do col�gio, ouvi algu�m se dirigindo a mim, me tratando de garoto. Era Marina que nem o meu nome sabia. Ela perguntou aonde eu ia e se prontificou a ir junto. Tremendo na base, segui caminhando a seu lado, com a l�ngua travada, pois sequer conseguia falar. Ela ent�o puxou conversa perguntando por meu nome, o que eu fazia, se eu estudava. Quando chegamos à padaria, ela j� sabia quase tudo a meu respeito e, para minha surpresa, ela n�o s� entrou e aguardou que eu fosse atendido, como tamb�m come�ou a fazer o percurso de volta em minha companhia.

Aquilo me deixou gelado. Ent�o percebi que ela parecia estar se divertindo muito. Apesar de aquilo fazer meu sangue ferver, minha voz ainda se recusava a sair normalmente. Ela ent�o, para me deixar ainda mais perturbado, come�ou a fazer perguntas mais �ntimas, querendo saber se eu j� havia transado.

– Claro que j�! – Respondi com zanga.

Ela riu e perguntou com quem. Engasguei, gaguejei, mas consegui falar o nome das �nicas duas garotas com quem tinha ido para a cama. Ent�o ela disparou:

– E as putas da rua que voc� pega?

Fiquei pasmo, imaginando onde ela teria conseguido aquela informa��o. Mais tarde, ela me contou que um dia me vira conversando com uma na rua pr�xima a rodovi�ria de Porto Alegre e depois sair caminhando atr�s da garota de programa que se dirigiu a um hotelzinho dos muitos que existem por l�. Sem poder desmentir, n�o respondeu e meu mutismo aumentou, pois a partir da� � que n�o consegui dizer mais nada. Ela, demonstrando estar se divertindo cada vez mais, riu e acabou perguntando o que eu achava dela.

Com muita dificuldade, disse que ela era bonita e, atropelando as palavras para n�o gaguejar novamente, consegui dizer que o namorado dela era um cara de muita sorte.

– N�o estou querendo saber de namorado, seu bobo. Eu perguntei o que voc� acha de mim. – Ela fez uma pausa e depois disparou. – Queria saber se sou melhor que essas putas que voc� pega.

Com as pernas parecendo gelatina, cheguei a temer que cairia na cal�ada a qualquer momento, n�o sei onde fui buscar coragem para dizer que ela devia ser melhor que qualquer mulher do col�gio, imagine ent�o se comparada com as putas de rua. Ela riu um riso cristalino e claro e me acusou de ser mentiroso, pois se eu nunca tinha transado com ela, n�o havia como saber se era melhor ou n�o. Nessa altura, j� est�vamos entrando novamente pelo port�o do col�gio e ela, dizendo simplesmente tchau, afastou-se de mim e foi se juntar a suas colegas, onde ficou cochichando e me apontando para suas amigas que riam a valer. Senti-me um verdadeiro palha�o ao me dar conta que havia sido usado por ela que tinha apenas o intuito de se divertir.

E eu estava certo. A partir daquele dia, todas as suas amigas n�o conseguiam disfar�ar o riso quando se aproximavam de mim na lanchonete. Magoado, passei a fechar a cara sempre que uma delas era atendida por mim, inclusive, com a pr�pria Marina. Isso perdurou por mais de um m�s, por�m, percebi que havia uma diferen�a no comportamento dela com a de suas amigas, pois enquanto elas pareciam se divertir muito, Marina fazia uma carinha triste todas as vezes que me dirigia a palavra sem receber de mim qualquer resposta.

Foi nessa �poca que recebi um bilhete dela onde me pedia perd�o e, dizendo que desejava um encontro, marcava para aquele mesmo dia na sa�da da escola. Apesar de jurar para mim mesmo que n�o iria de jeito nenhum, na hora da sa�da l� estava eu, depois de dar uma desculpa para minha m�e e sair mais cedo. Ela me viu primeiro e se aproximou de mim, dizendo que estava feliz por eu ter ido. Depois ent�o perguntou se eu a acompanhava at� sua casa. No caminho foi pedindo desculpa por sua atitude no outro dia, dizendo que fora uma aposta que fizera com suas amigas, mas que se sentia perdedora, pois se ganhara a aposta, perdera um amigo.

Estranhei uma conversa nesses termos de uma menina de apenas quatorze anos, mas n�o perdi a oportunidade de me vingar e a critiquei por isso. Chegamos logo em frente do pr�dio onde ela morava e fui convidado para subir. Tentei recusar o convite, por�m, n�o tive for�as para manter minha vontade e fui conduzido por ela, que me puxava pela m�o para dentro do pr�dio. Subimos os oito andares pelo elevador sem trocar palavra, com ela me olhando e sorrindo, quando notei, pela primeira vez, certa timidez naquele sorriso. Entretanto, mal entramos no apartamento ela fechou a porta e me abra�ou, me beijando na boca. Senti sua l�ngua for�ando a passagem para dentro da minha boca e cedi ao mesmo tempo em que era empurrado de encontro ao sof� onde ca� deitado, com ela caindo por cima de mim.

Foi algo muito estranho. N�o nos falamos. N�o houve pedido nem manifesta��o de vontade. Apenas a a��o dela, j� que eu estava totalmente travado. Vi Marina desabotoando minha camisa, desafivelando o cinto e abrindo a cal�a que foi fortemente puxada para baixo e logo uma m�ozinha quente e macia puxava meu pau que do�a de t�o duro para fora da cueca e come�ou a fazer um movimento de vai e vem. N�o deve ter se passando trinta segundos antes que eu gozasse gemendo.

Depois do orgasmo, abri os olhos que fechara durante o prazer e a vi sorrindo para mim. Era um sorriso meigo e, naquela hora, descobri que a crian�a ali era eu, pois Marina era a mulher que dominava as a��es e me comandava rumo ao prazer. Vi ela se levantando do sof� e lentamente come�ar a se despir, livrando cada bot�o como se fosse um trof�u a ser oferecido. Sua blusa foi atirada ao lado e a cal�a jeans abaixada mostrando uma calcinha de renda e min�scula, branca e transparente, deixando ver os pelos abundantes de sua bucetinha. Ela se livrou do suti� deixando os seios pequenos e durinhos a mostra, com os mamilos durinhos apontando para mim, demonstrando todo o tes�o que ela sentia. Ent�o ela come�ou a baixar a calcinha, o que fez rapidamente para em seguida, montar sobre mim e, pegando meu pau que j� estava duro novamente, posicion�-lo na portinha da sua xoxotinha e ir se abaixando lentamente at� que todo ele estivesse enterrado naquela maciez c�lida e �mida que � sua buceta, para em seguida, gritando palavras desconexas, gozar dando murros no meu peito.

Depois do sexo, Marina me contou que sempre ficava sozinha em casa e revelou que j� havia levado alguns coleguinhas ali para umas brincadeirinhas. Foi esse mesmo o termo que ela usou, brincadeirinhas. Ent�o, com uma express�o marota no rosto, revelou que eu tinha sido o primeiro com quem ela havia transado ali e que aquilo tinha sido uma forma dela demonstrar o quanto estava arrependida de ter me magoado.

Naquela tarde, transamos mais duas vezes e Marina me chupou. Foi a primeira vez que era chupado e gozava na boca de algu�m e Marina demonstrava uma experi�ncia anormal para uma menina de sua idade. Quando me despedi, perguntei se poder�amos repetir a experi�ncia e ela, sorrindo, disse que havia gostado de mim tamb�m.

Essa foi a nossa primeira vez. Da� para frente, trans�vamos pelo menos uma vez por semana, sem que isso a impedisse de sair com outros coleguinhas dela. Ela me contava suas transas e pedia para eu contar as minhas, o que eu tinha que inventar, pois desde que havia come�ado a transar com ela, n�o havia mais procurado mulher nenhuma. Com o tempo, na medida em que a confian�a entre n�s foi aumentando, ela me contou como havia sido sua primeira vez com um tio que era tamb�m amante de sua m�e e de como esse tio havia se transformado em seu professor na arte do sexo.

Mais tarde, percebi que havia me apaixonado por ela e nem mesmo suas estripulias com os seus amigos e com o seu tio que, volta e meia, ainda transava com ela, ou fazia outras coisas que nem sei se posso te contar ainda, tornamo-nos namorados e depois de seis anos entre namoro e noivado, nos casamos. Neste tempo todo, Marina n�o mudou muito o seu comportamento, mas isso � outra hist�ria.

Ao acabar sua narrativa, Marcos ficou encarando Eduardo que, por temer revelar o fato de que estava muito atra�do pela esposa do outro e que a hist�ria contada o havia excitado, abaixara a cabe�a. Na verdade, um turbilh�o de id�ias passava pela cabe�a daquele homem, mas logo uma id�ia foi tomando forma e dominando as demais, at� explodir de forma tal que ele n�o pode deixar de expressar em voz alta:

– Mas por que voc� est� me contando tudo isso? – Perguntou sem levantar a vista, temendo que seus olhos revelassem seus sentimentos.

– Porque voc� � meu amigo! Ou n�o �? – Disparou Marcos.

Eduardo apenas sorriu e levou o copo de cerveja at� a boca e sorveu um longo gole, tentando ordenar seus pensamentos contradit�rios. Em sua cabe�a, passava a id�ia de que o seu amigo era corno j� h� muito tempo e que ele deveria ser apenas um dos muitos brinquedos que Marina se utilizara em suas buscas por prazer. Ou talvez, o homem era corno e utilizava da esposa para ajud�-lo a envolver outras pessoas em seus golpes.

Entretanto, no fundo de seu cora��o, Eduardo desejava mesmo que tudo Marcos tamb�m fosse uma v�tima e que ele pudesse confiar nele e, o que � mais importante, em Marina.

Ficaram por ali ainda durante algum tempo e j� era mais de duas horas do s�bado quando Eduardo resolveu ir embora. Marcos j� havia se levantado da mesa dele e tinha se enturmado em um grupinho que fazia muito barulho na outra mesa e, desde que fora para l� a chamado de uma mo�a alta e bonita, que Eduardo conhecia como uma de duas irm�s g�meas cuja semelhan�a e beleza eram um fato que provocava coment�rio na cidade. Costumavam dizer os homens que, uma mulher bonita daquele jeito era uma d�diva, imaginem ent�o duas iguais e elas eram realmente id�nticas, inclusive, no comportamento, o que era not�rio de que n�o eram nenhumas santas.

Mas foi a imagem do corpo moreno e a lembran�a da pele macia e cheirosa dela que povoava a mente de Eduardo quando finalmente conseguiu adormecer.

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