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MINHA (N�O) EDUCA��O SENTIMENTAL

Passei a inf�ncia e parte da adolesc�ncia assistindo filmes, e fazendo outras coisas, como indo à escola e brincando escondido com as bonecas da minha irm�. Mas foram os filmes que sempre me orientaram em cada momento da minha exist�ncia. Eram deles que eu tirava a solu��o de todas situa��es embara�osas em que me metia. Agia de acordo com personagens que eu gostava, e quase sempre me dava mal. Situa��es dif�ceis podem ser facilmente resolvidas na fic��o, na vida adulta as coisas s�o um pouquinho mais complicadas. De todos atores e atrizes que me inspiravam nenhum exercia - e exerce - sobre mim a influencia que Meg Ryan exerce. Foi vendo os filmes da rainha das com�dias rom�nticas - que me desculpem Sandra Bullock e Julia Roberts - que me formei no assunto amores (im)poss�veis.

Serei mais expl�cito.

Perdi minha virgindade com 19 anos! Sei que alguns devem pensar que � uma idade avan�ad�ssima para dar um passo que geralmente se d� aos 15, mas hoje sei que foi no momento certo, e decididamente com o cara errado. No primeiro m�s dos meus 19 anos eu resolvi ir à uma boate gay bem comentada, j� tinha ouvido em conversas alheias hist�rias interessantes sobre a fauna que costumava frequentar o ambiente, homens interessantes e bem sucedidos pareciam se sentar junto ao bar e escolher carinhas novinhos para serem seus companheiros. Homens interessantes circulavam pelo espa�o com copos de u�sque doze anos flertando com carinhas novinhos. Hoje sei que essas tais conversas foram todas projetadas na minha cabe�a, o que parecia � que eu seria o �nico carinha novinho a frequentar a boate, disputando as aten��es de todos homens interessantes e seus copos de u�sque doze anos.

Humpf!

Quando finalmente entrei na boate tive uma leve decep��o ao constatar que eu n�o s� n�o era o �nico carinha novinho, como que tamb�m podia-se contar nos dedos da minha m�o esquerda os homens interessantes presentes naquela noite, que obviamente j� estavam acompanhados por seus respectivos carinhas novinhos. Decidi beber, coisa que n�o fazia quase nunca, mas diante da decep��o resolvi tomar um porre, assim como Meg Ryan tomou um em A Lente do Amor - ser� que foi nesse filme mesmo? - tr�s cervejas depois eu j� estava levemente embriagado, parado em um canto, querendo ir embora e me segurando para n�o chorar. Ent�o um dos homens interessantes, mas n�o t�o interessante quanto os que j� estavam acompanhados, me abordou dizendo o que ele jamais deveria ter dito:

__Casa comigo? __ E ele me deu o sorriso mais sedutor que eu j� tinha visto at� ent�o, tirando o do Keanu Reeves em Caminhando nas Nuvens, � claro.

Respondi que sim, e ele me beijou. E sorriu de novo. E me beijou mais uma vez. E me disse ter 32 anos (mentira!) e que queria dormir comigo, apenas dormir (mentira!), e que eu era encantador demais (verdade!), e que estava apaixonado por mim (mentira!). E sorriu mais uma vez e me beijou de novo.

Ele pagou minha conta e eu me apaixonei por ele - quem nunca teve 19 anos?.

Fomos para seu apartamento, um dois quartos perto do centro. Morava sozinho e me disse ser dentista. Seu ap� era organizado, tinha uma estante de livros e uma de cd's. Pedi para ele colocar uma m�sica e Enya come�ou a tocar. Aquilo era o c�u, o nirvana, ou a minha tola concep��o do que era o nirvana. Na minha primeira vez em uma boate e eu j� arranjara um namorado, ou um marido, porque eu estava pensando em me assumir para os meus pais caso ele me chamasse para morar com ele. E eu tinha certeza de que isso aconteceria. Fomos para o quarto e nos deitamos na sua cama, ficamos ali, abra�ados por uns quinze minutos quando ele pos minha m�o sobre o seu pau ainda dentro da cal�a. Rafael (ele mentiu o nome!) me prop�s fazermos sexo. Eu louco para agradar meu namorado, topei. Ele tinha pernas grossas e peito liso, m�os macias e unhas bem feitas. Chupei o seu pau tentando buscar inspira��o em algum filme da Meg Ryan, mas ela jamais tinha feito isso - anos depois ela lan�ou Em Carne Viva, um filme que faria Sharon Stone corar de vergonha - ent�o deixei que ele me levasse.

O canalha me comeu de quatro, ao menos pos camisinha, e ao final gozou na minha cara. Disse que eu n�o poderia dormir ali, pois havia se lembrado de que teria que acordar bem cedo para receber a m�e. N�o podia me levar em casa, pois havia perdido o controle remoto que abria o port�o da garagem (mentira!). Mas que me ligaria no dia seguinte, pois j� estava com saudades (mentira!).

Fui embora de t�xi, achando que no dia seguinte encontraria meu amor em um caf� charmoso e que ali ele me proporia ir morar com ele.

Encontrei o filho da puta dois anos depois na mesma boate em que o conheci. Estava chupando o gogo boy dentro do dark room.

J� Meg Ryan se separou do Dennis Quaid por ter tido um caso com Russell Crowe.



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